Volkswagen paga 13,3 mil milhões para pôr fim a processos nos EUA
Empresa vai recomprar carros e investir num fundo para compensar as emissões excessivas de poluentes.
Nos EUA, a primeira factura da fraude do Grupo Volkswagen já tem um preço: 14,7 mil milhões de dólares (13,3 mil milhões de euros). É o montante que a empresa poderá vir a desembolsar, depois de um acordo com as autoridades e com os clientes queixosos e que implica a recompra dos carros com motores adulterados.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Nos EUA, a primeira factura da fraude do Grupo Volkswagen já tem um preço: 14,7 mil milhões de dólares (13,3 mil milhões de euros). É o montante que a empresa poderá vir a desembolsar, depois de um acordo com as autoridades e com os clientes queixosos e que implica a recompra dos carros com motores adulterados.
A multinacional anunciou nesta terça-feira o acordo, que ainda terá de ser aprovado por um juiz, mas que não põe fim a todos os problemas legais da empresa naquele país.
A maior parcela, de dezmil milhões de dólares, destina-se a comprar os carros (com motores 2.0), ou a terminar os contratos de leasing, sem penalizações para os clientes. Em alternativa a entregarem o carro, os clientes poderão aceitar modificações aos motores. O dinheiro que a Volkswagen vai de facto gastar dependerá das opções dos clientes. Em qualquer dos casos, está previsto o pagamento de compensações monetárias.
Esta solução é diferente do que está a acontecer na Europa, onde a empresa tem estado a trabalhar num longo processo de chamada dos carros às oficinas, sem lugar a indemnizações ou recompras dos veículos. Alguns modelos precisam apenas de alterações de software, enquanto outros terão de ter novos componentes. Ao todo, estão afectados 11 milhões de veículos em todo o mundo, a maior parte dos quais na Europa e cerca de meio milhão nos EUA.
Nos EUA, onde a fraude foi descoberta e onde autoridades e legisladores foram particularmente ríspidos com a fabricante alemã, a empresa terá ainda de aplicar 2,7 mil milhões de dólares, ao longo de três anos, num fundo criado para compensar a excessiva emissão de poluentes pelos automóveis da marca. Terá também de investir mais dois mil milhões, num período de dez anos, em iniciativas para promover o uso de veículos com zero emissões.
A Volskwagen, que pouco após a revelação da fraude, em Setembro, começou por colocar de lado 6,5 mil milhões de euros para lidar com o assunto, admitiu o peso financeiro do acordo. “O anúncio de hoje está dentro do âmbito das nossas provisões (…) e estamos em posição de gerir as consequências”, afirmou o director financeiro, Frank Witter. “Acordos desta magnitude são claramente um grande fardo para o nosso negócio”, acrescentou. O caso já afundou as contas do grupo, que, no ano passado, apresentou 1,6 mil milhões de euros de prejuízos.
A multinacional comunicou também ter chegado a acordo com o ministério público de 44 estados e vai desembolsar 603 milhões de dólares para resolver processos relacionados com a protecção dos consumidores. A empresa continua, no entanto, a ter outros desafios legais, incluindo as queixas dos clientes que têm carros com motores 3.0, bem como as investigações criminais do Departamento de Justiça.