Airbnb em Lisboa rende 530 euros por mês aos proprietários
Número de hóspedes duplicou no ano passado. Em média, ficam quatro noites, mais do que nos hotéis
Em Lisboa, ter uma casa (ou mais) no Airbnb significa ganhar, em média, 530 euros mensais, um valor equivalente ao salário mínimo actual.
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Em Lisboa, ter uma casa (ou mais) no Airbnb significa ganhar, em média, 530 euros mensais, um valor equivalente ao salário mínimo actual.
Um relatório apresentado nesta terça-feira pela empresa, cuja plataforma permite arrendar casas a turistas por curtos períodos de tempo, indica que aquele valor é obtido mesmo tendo a casa vazia na maior parte do ano. O estudo refere que uma propriedade na capital está tipicamente ocupada 76 dias, ou seja, dois meses e meio.
Ao todo, o Airbnb diz ter encaminhado para os proprietários em Lisboa quase 43 milhões de euros ao longo de 2015 e afirma ter dado um contributo significativo para a economia da cidade. Além disso, estima que os visitantes que reservaram casa através da plataforma tenham gasto o ano passado perto de 225 milhões de euros no comércio e serviços locais, com pouco mais de um terço deste valor a ir para a restauração.
Reflectindo o crescimento de Lisboa como destino turístico, os números contrastam com a média do país. Feitas as contas a todo o território, o rendimento mensal médio desce consideravelmente, para 290 euros, e o número de dias de ocupação de cada propriedade também cai, para 68.
O alojamento turístico tem sido apontado como uma das razões para o aumento do preço das casas em Lisboa. A Apemip, uma associação de empresas do sector imobiliário, estima que as rendas nas zonas centrais da cidade tenham aumentado entre 30% e 40%, ao passo que a oferta de casas para arrendamento permanente caiu para dois terços nos últimos cinco anos.
Na apresentação do estudo da Airbnb, o responsável de políticas públicas para a Península Ibérica, Àngel Mesado, tentou afastar a ideia de uma concentração de propriedades nas zonas mais centrais de Lisboa, ao afirmar que a plataforma faz com que pessoas possam ficar alojadas em “bairros que tradicionalmente não beneficiam do turismo” (a empresa afirma que 70% dos hóspedes ficaram fora dos bairros mais turísticos). Também se esforçou por afastar uma ideia de profissionalização dos anfitriões, ao indicar que 71% têm apenas um anúncio na plataforma (são 15% os que têm mais de dois).
Ainda assim, a generalidade dos anúncios são para uma casa inteira, o que, considerando os dois meses e meio de ocupação anuais, indicia que muitos dos casos serão de propriedades que se destinam a alojamento local e não casas alugadas a turistas apenas nos períodos em que os proprietários estão fora. De acordo com o Airbnb, quase três em cada quatro anúncios em Portugal dizem respeito a uma casa ou apartamento inteiro, com 26% a serem de quartos privados.
Os dados indicam, no entanto, um crescimento acentuado da actividade da plataforma em Portugal. O número de hóspedes na capital duplicou no ano passado, para 433 mil pessoas. Em média, ficam quatro noites, uma noite mais do que na estadia média no sector hoteleiro. Já no total do país, foram 921 mil hóspedes.
Parte dos rendimentos conseguidos pelos proprietários no Airbnb continuam, no entanto, a ficar na economia paralela. Àngel Mesado afirmou não ter forma de saber quais as propriedades listadas que não pagam impostos. Mas, há dois meses, a taxa turística em Lisboa, que é devida pelos visitantes, passou a ser cobrada pela plataforma e entregue ao Estado em nome dos anfitriões.
Nesta terça-feira, em declarações à Antena 1, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, reconheceu que há no sector uma fuga às obrigações legais, nomeadamente de registo das propriedades, e afirmou estar a trabalhar com o Airbnb para alertar os proprietários para a necessidade de regularizarem a situação. Antes, o Governo já tinha avançado com a hipótese de mudar o enquadramento fiscal deste tipo de actividade, eventualmente acabando com as diferenças entre o arrendamento habitacional e o de curta duração.