Faltam 164 médicos no Algarve mas situação pode resolver-se em seis anos
O Algarve tem falta de 164 médicos nos hospitais e centros de saúde, situação que a Administração Regional de Saúde (ARS) quer resolver “no máximo” em seis anos, disse à Lusa o presidente desta entidade, João Moura Reis.
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O Algarve tem falta de 164 médicos nos hospitais e centros de saúde, situação que a Administração Regional de Saúde (ARS) quer resolver “no máximo” em seis anos, disse à Lusa o presidente desta entidade, João Moura Reis.
Segundo dados da ARS/Algarve fornecidos à Lusa, actualmente, os hospitais de Portimão e Faro têm falta de aproximadamente 100 médicos, enquanto nos cuidados de saúde primários podem ser acolhidos 64.
“Dentro de seis anos, provavelmente, a região terá o número de médicos necessários e suficientes”, explicou Moura Reis, acrescentando que só não se atreve a dar um prazo menor porque os fluxos de médicos formados nas especialidades não são estáveis de ano para ano.
Os responsáveis pelo serviço público de saúde no Algarve estão a promover uma estratégia para conseguir os médicos das diferentes especialidades necessários, recorrendo, para isso, a diferentes tipos de contratação.
A admissão mais comum surge após a especialização médica, mas o Algarve também recorre a médicos que queiram ir para a região através do regime de mobilidade, a contratos individuais de trabalho, a empresas de prestação de serviços, à mobilidade parcial e ao regresso de médicos reformados.
“Apostamos nelas todas”, afirmou Moura Reis, dando como exemplo os concursos já em curso para as especialidades de Ortopedia, Anestesia, Pediatria, Obstetrícia e Ginecologia e, em breve, o concurso para Medicina Interna.
No caso da Medicina Geral e Familiar, o concurso de 2016 tem 30 vagas e para o ano está prevista a abertura de mais 34, o que perfaz as 64 vagas identificadas pela ARS/Algarve.
“Há sempre necessidade. Quando digo 30 este ano e 34 para o ano que vem é para poder dar médico de família a todos os algarvios, mas fica no limite”, sublinhou o presidente daquele organismo.
Segundo o responsável, os médicos que forem trabalhar para a região “são médicos para a vida", ou seja, são médicos que vão "para ficar”.
No caso das especialidades hospitalares, a região depara-se com uma falta de médicos em diversas áreas, mas as mais dramáticas são Ortopedia, Anestesia, Oncologia, Pediatria, Neurocirurgia, Ginecologia e Obstetrícia.
Um acordo com um hospital do nordeste transmontano vai possibilitar o envio rotativo de equipas formadas por dois ortopedistas e um anestesista, garantindo o atendimento a monotraumas na região, com consultas nos hospitais de Faro e Portimão e cirurgia ortopédica apenas em Faro.
O perigo de mal-estar entre médicos que já estão a trabalhar na região e os que aceitem ir, com melhores condições, devido à criação de medidas de discriminação positiva para atrair clínicos, não é motivo de preocupação para Moura Reis.
“Os que chegam podem estar em situações discriminatórias positivas melhores do que os que cá estão, mas é por um período de tempo. Não é permanente”, observou.
Moura Reis espera também que o total preenchimento de vagas noutros pontos do país ajude os médicos a escolher o sul para trabalhar, à semelhança do que já ocorre com os enfermeiros e técnicos de saúde.
“No concurso de 30 médicos de Medicina Geral e Familiar, temos 10 [algarvios] a concorrer, 20 terão de vir de outros lados”, referiu.