Com críticas a Barroso e Juncker, BE diz que “a Europa que vale a pena já só existe no futuro”
A propósito do "Brexit", a porta-voz considerou que os mercados se recompõem “sempre” e que o “maior risco” é para a democracia.
“Os mercados enervam-se, agitam-se, mas recompõem-se sempre. Bem sabemos, e não nos enganam, que o maior risco se pode esconder numa escolha política que arruíne um pouco mais a democracia.” Esta foi uma das declarações com a qual a porta-voz do Bloco de Esquerda Catarina Martins encerrou o comício desta sexta-feira à noite em Lisboa. Falava dos riscos do "Brexit", tema que marcou grande parte do discurso.
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“Os mercados enervam-se, agitam-se, mas recompõem-se sempre. Bem sabemos, e não nos enganam, que o maior risco se pode esconder numa escolha política que arruíne um pouco mais a democracia.” Esta foi uma das declarações com a qual a porta-voz do Bloco de Esquerda Catarina Martins encerrou o comício desta sexta-feira à noite em Lisboa. Falava dos riscos do "Brexit", tema que marcou grande parte do discurso.
A União Europeia é agora, alertou, “o lugar de onde também se quer sair”. O que aconteceu nesta quinta-feira e sexta-feira, vincou, não foi só uma mudança para o Reino Unido, mas para toda a União Europeia. Entre outros factores, com o Reino Unido fora da União Europeia e com a “França de Hollande neutralizada”, pode haver a “tentação” de uma “Alemanha toda-poderosa”, de “aumentar o poder da finança” sobre os Estados-membros.
Sob fortes aplausos, considerou ainda que “a escolha entre União Europeia ou nacionalismo é o campo dos escombros que a política da direita” deixou. “Recusamos essa escolha. À esquerda sabemos que a escolha é outra. É entre autoritarismo ou democracia. E nesse sentido Barroso e Juncker estão ao lado de Le Pen e Farage”, continuou, estabelecendo uma comparação entre o actual e antigo presidentes da Comissão Europeia, a líder da extrema-direita francesa e o do Partido da Independência do Reino Unido.
Mas Catarina Martins também disse que “quanto maior a tempestade, maior tem de ser a força da esquerda de confiança”. Afirmou que “a Europa que vale a pena já só existe no futuro e defende-se hoje nas lutas pela soberania popular”. Para a porta-voz, “parte da resposta passa necessariamente pelos movimentos sociais”, que se levantam na Europa contra, entre outros aspectos, a crise e a finança.
Na sua intervenção, considerou ainda que “o povo britânico também votou por sentir a crise económica” e “o preço das aventuras financeiras”. “Rotular o povo britânico como xenófobo é querer reduzir o voto à caricatura e esconder a profunda crise que atravessa a União Europeia e, isso sim, é reforçar os movimentos xenófobos.” Mais aplausos.
Para a bloquista, o que está em causa “são as políticas extremistas que têm dominado a União Europeia”, a “regra da União Europeia tem sido destruir a Europa”, disse. A responsabilidade da esquerda, continuou, é “recusar falsas escolhas e lutar por um projecto novo em cada país e na Europa”.
Nesta sexta-feira à noite, antes de Catarina Martins falaram também representantes de movimentos europeus contra a austeridade: Eric Toussaint, do Comité pela Anulação da Dívida do terceiro Mundo, Arthur Moreau, do movimento Nuit Debout, e Sylvia Gabelmann, do movimento Blockupy.