Bolsa portuguesa atinge mínimos de 20 anos

Petróleo, libra e acções caem a pique com "Brexit". Juros da dívida portuguesa disparam.

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Brexit empurrou libra para mínimos de 30 anos REUTERS/Sukree Sukplang

Como já era esperado, as principais bolsas europeias estão em forte queda acentuada na manhã em que o mundo ficou a saber que o Reino Unido votou sair da União Europeia (UE).

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Como já era esperado, as principais bolsas europeias estão em forte queda acentuada na manhã em que o mundo ficou a saber que o Reino Unido votou sair da União Europeia (UE).

Na praça britânica, o principal centro financeiro europeu, os títulos da banca iniciaram a sessão desta sexta-feira com desvalorizações em torno dos 30%. Foi o caso de gigantes como o Royal Bank of Scotland (RBS), o Barclays e o Lloyds Banking Group, contribuindo para um recuo acentuado do índice de referência londrino. O FTSE 100 chegou a perder mais de 8%, perdendo 4,7% cerca das 12h.

Lisboa não foi excepção num cenário generalizado de perdas a nível europeu. O PSI-20 apresenta uma queda de 7,3%. Pouco depois do início da negociação, o principal índice português atingiu mínimos de 20 anos, com uma queda em torno de 11%, para 4175 pontos, com o BCP a destacar-se como o título mais penalizado. Na abertura, as acções do banco liderado por Nuno Amado recuaram cerca de 20%, atenuando depois para 15,61%, para 1,7 cêntimos. Ainda assim, os títulos chegaram a tocar num mínimo histórico nos 1,5 cêntimos.

Os CTT perdiam em bolsa 12,52%, para 6,801 euros, a Mota-Engil desvalorizava 10,65%, para 1,51 euros, a Sonae (grupo que detém o PÚBLICO) descia 9,78%, a Nos desvalorizava -8,1%, para 5,579 euros, e a EDP caía 7,83%, para 2,719 euros. A Pharol, que nos últimos dias foi castigada pelo pedido de recuperação judicial da brasileira Oi, era a única excepção no PSI 20, com uma subida de 1,05%, para 9,6 cêntimos.

No mercado secundário de dívida pública, onde são revendidos entre os investidores títulos soberanos, os juros das obrigações do Tesouro estão a subir, reflectindo a fuga dos investidores de activos considerados mais vulneráveis. As taxas da dívida portuguesa a dez anos chegaram a superar os 3,4%, agravando-se mais do que os juros de Itália e Espanha, mas entretanto seguem nos 3,24%, um valor inferior a que se chegou a registar a meio de Junho.

“No curto prazo, os activos portugueses vão ressentir-se porque são o elo mais fraco. Portugal é sempre visto como um país mais frágil, mais fraco, por isso os seus activos, estão mais expostos a este movimento de fuga de risco”, disse à Reuters Albino Oliveira, analista da Patris.

Na Alemanha, o Dax da bolsa de Frankfurt estava a cair 7% e, em Paris e Madrid, os índices de referência desciam 8,3% e 11,3%, respectivamente. “Depois do Brexit ter sido escolhido pelo Reino Unido, aumenta a incerteza em torno das eleições em Espanha, que ocorrem no domingo”, recordou o gestor do BiG, Steven Santos, num comentário de mercado.

“Em termos sectoriais, a banca está muito fragilizada, sobretudo a britânica, a espanhola e a italiana. Além dos problemas específicos da banca europeia, como a fraca capitalização e a baixa rentabilidade, acresce agora a incerteza sistémica sobre o futuro da União Europeia”, acrescentou.

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A libra, que caiu para os valores mais baixos desde 1985 com a vitória do "Brexit", estava a descer 3,6% face ao euro, para 1,2373 euros, e 5,9% face ao dólar, cotando nos 1,3689 dólares.

O petróleo acompanhava a tendência de descida, a perder cerca de 5% para 48,38 dólares por barril. Já o ouro, considerado um activo de "refúgio" subia quase 5%, para 1,310 euros a onça.