Os mercados ignoram sondagens e apostam na vitória do “remain”
Durante a última semana, as bolsas voltaram a subir e a libra valorizou-se face ao dólar e ao euro, com os investidores menos receosos de um eventual “Brexit”
Têm sido semanas de dúvidas, frequentes alterações de humor e muito nervosismo nos mercados financeiros internacionais, mas, durante a última semana, a maior parte dos investidores parece ter-se decidido: o mais provável é os britânicos votarem na manutenção do país na União Europeia. Nos mercados financeiros internacionais, a evolução das cotações bolsistas e das taxas de câmbio mostram que nos dias anteriores ao referendo se está a apostar muito dinheiro numa vitória da manutenção na UE, apesar de nas sondagens ainda se registar uma muito ligeira vantagem para o “Brexit”.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Têm sido semanas de dúvidas, frequentes alterações de humor e muito nervosismo nos mercados financeiros internacionais, mas, durante a última semana, a maior parte dos investidores parece ter-se decidido: o mais provável é os britânicos votarem na manutenção do país na União Europeia. Nos mercados financeiros internacionais, a evolução das cotações bolsistas e das taxas de câmbio mostram que nos dias anteriores ao referendo se está a apostar muito dinheiro numa vitória da manutenção na UE, apesar de nas sondagens ainda se registar uma muito ligeira vantagem para o “Brexit”.
O ponto de viragem no sentimento dos investidores aconteceu a partir do passado 17 de Junho, o dia a seguir ao assassinato da deputada britânica Jo Cox. A partir desse dia, as bolsas recuperaram, o preço do petróleo voltou a subir e a libra recuperou terreno face ao dólar e o euro, tudo resultados associados a uma expectativa mais forte de uma vitória da opção de manter o Reino Unido na União Europeia.
Entre o fecho nos mercados do dia 16 de Junho e o fecho desta quarta-feira, véspera do referendo, as acções na bolsa de Londres valorizaram-se 5,9%. Esta quarta, subiram 0,56%.
A libra estrelina, por sua vez, ganhou 2,6% face ao euro e 3,3% face ao dólar durante o mesmo período de tempo. Neste momento, uma libra vale 1,467 dólares, um valor que a coloca a um nível que era apenas previsto na eventualidade de rejeição de uma saída da União Europeia. No início deste mês, as respostas a um inquérito feito pela agência Bloomberg junto de economistas apontavam para que nos dias a seguir a uma vitória da manutenção na UE a libra fosse trocada por um valor situado no intervalo entre 1,45 libras e 1,50 libras.
Não estarão, com estas apostas, os investidores a arriscar de mais, Especialmente quando a generalidade das sondagens aponta para uma votação extremamente equilibrada e ainda, na maior parte dos inquéritos, com uma ligeira vantagem do “Brexit”?
Há duas grandes explicações para esta decisão, explicam os analistas. Em primeiro lugar é o histórico recente de muitas falhas das sondagens britânicas na previsão de resultados eleitorais e de referendos. Nos mercados, parece optar-se, perante os erros que foram cometidos no passado, por ignorar-se os resultados das sondagens, principalmente quando elas apontam para valores tão equilibrados.
Depois há a importância que é dada à tendência. Depois de, no início de Junho, o “Brexit” ter ganho muito terreno, ganhando vantagens relativamente confortáveis nas sondagens, a última semana mostrou um regresso progressivo do equilíbrio, com as forças que apoiam a manutenção na UE a ganharem um novo ímpeto na campanha, que se reflectiu, embora de forma moderada, nas sondagens.
Nos mercados parece acreditar-se, em vésperas de referendo, que essa tendência de recuperação do voto na manutenção na UE se irá reflectir de forma expressiva na votação. Uma coisa é certa, contudo: caso o “Brexit” acabe por vencer, nos mercados, depois das recentes subidas, a reacção negativa arrisca-se a ser mais drástica.