Coreia do Norte lança míssil de médio alcance "com sucesso"
À sexta tentativa, Pyongyang terá conseguido testar um míssil Musodan "de forma perfeita". Caiu no mar do Japão como estava programado, mas estima-se que tenha autonomia para atingir o território norte-americano de Guam.
A Coreia do Norte parece estar mais perto de conseguir desenvolver um míssil balístico de médio alcance funcional, com capacidade para atingir não só o vizinho do Sul como também o Japão e o território norte-americano de Guam, onde os EUA têm duas bases militares.
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A Coreia do Norte parece estar mais perto de conseguir desenvolver um míssil balístico de médio alcance funcional, com capacidade para atingir não só o vizinho do Sul como também o Japão e o território norte-americano de Guam, onde os EUA têm duas bases militares.
Como quase tudo o que se passa na Coreia do Norte, é muito difícil ter certezas absolutas sobre as notícias que chegaram esta quarta-feira através da agência estatal sul-coreana Yonhap, e mais tarde corroboradas pela NATO e pelos governos dos EUA e do Japão.
Depois de quatro testes falhados, entre Abril e Maio, e um quinto na madrugada desta quarta-feira, as forças armadas da Coreia do Norte parecem ter lançado com sucesso um míssil Musudan às primeiras horas da manhã.
As autoridades da Coreia do Sul estimam que o Norte tenha pelo menos 30 mísseis Musudan, que surgem em paradas militares desde 2003 mas que nunca tinham sido testados antes de Abril passado.
Esta quarta-feira, à sexta tentativa, e segundo informações avançadas pleo Ministério da Defesa do Japão, um desses Musudan terá viajado 400 quilómetros e atingido uma altitude máxima de mil quilómetros, o que para muitos especialistas pode ser considerado um teste bem-sucedido.
Um deles, Jeffrey Lewis, especialista em armamento nuclear no Instituto de Estudos Internacionais da Universidade Middlebury, na Califórnia, disse à agência Reuters que a elevada altitude que o míssil alcançou "sugere que funcionou de forma perfeita", já que terá sido orientado dessa forma para cair no mar do Japão.
"Se tivesse sido lançado a um ângulo normal, teria percorrido a sua autonomia total", estimada num máximo de 4000 quilómetros. O mesmo especialista sublinhou que os falhanços fazem parte de um programa de testes e disse que a Coreia do Norte está cada vez mais perto do sucesso: "Se a Coreia do Norte continuar a fazer testes, vai acabar por aplicar a mesma tecnologia num míssil que pode ameaçar os Estados Unidos."
Daquilo que se conhece do arsenal da Coreia do Norte, o regime de Kim Jong-un tem à sua disposição quatro tipos de mísseis – desde o Nodong (1300 quilómetros) ao Taepodong 2 (8000 quilómetros), passando pelo Taepodong 1 (2000 quilómetros) e pelo Musodan (4000 quilómetros). O Nodong tem autonomia para atingir a Coreia do Sul e o Japão e o Taepodong 2, que nunca foi testado, poderia alcançar os Estados Unidos e o Canadá.
A Coreia do Norte está proibida por resoluções do Conselho de Segurança de fazer testes com mísseis balísticos, mas já violou essa interdição várias vezes, mesmo perante as críticas do seu único aliado de peso, a China. O país está debaixo de sanções e exige que os EUA e a Coreia do Sul ponham fim aos seus exercícios militares regulares na região para voltarem à mesa de negociações; Washington e Seul exigem que a Coreia do Norte cumpra primeiro as resoluções do Conselho de Segurança para voltar a haver diálogo.
As críticas aos mais recentes testes choveram de quase todos os lados: da Coreia do Sul, do Japão, dos EUA e da NATO, mas também da China, embora com mais cautelas.
O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, disse que os testes realizados esta quarta-feira são "provocações que minam o diálogo e a segurança internacional". A Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, chamou-lhes "provocações imprudentes", e os EUA avisaram que a continuação dos testes terá como resultado a aplicação de mais sanções à Coreia do Norte. A China apelou a Pyongyang que "evite fazer qualquer coisa que possa agravar as tensões".
Os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU já anunciaram que vão reunir-se para discutir os mais recentes testes com mísseis na Coreia do Norte.