O caminho é estreito e de sentido único
A dois dias do referendo, colam-se os últimos cartazes e esgrimem-se os derradeiros argumentos.
Esta quinta-feira os britânicos são chamados a participar no referendo que vai decidir se o Reino Unido fica ou sai da União Europeia. Apesar dos avisos e alertas de políticos, de empresários e de vários líderes mundiais — e apesar de a morte de Jo Cox ter unido na campanha de forma assumida David Cameron e Jeremy Corbyn —, a verdade é que as sondagens continuam a apontar para diferenças muito curtas que caem dentro das respectivas margens de erro. Um erro colossal se o “Brexit” ganhar, avisou o investidor George Soros, que veio dizer que a actual semana pode terminar numa espécie de Black Friday, numa reedição da Black Wednesday de 1992, quando ele ganhou imenso dinheiro a apostar contra a libra esterlina.
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Esta quinta-feira os britânicos são chamados a participar no referendo que vai decidir se o Reino Unido fica ou sai da União Europeia. Apesar dos avisos e alertas de políticos, de empresários e de vários líderes mundiais — e apesar de a morte de Jo Cox ter unido na campanha de forma assumida David Cameron e Jeremy Corbyn —, a verdade é que as sondagens continuam a apontar para diferenças muito curtas que caem dentro das respectivas margens de erro. Um erro colossal se o “Brexit” ganhar, avisou o investidor George Soros, que veio dizer que a actual semana pode terminar numa espécie de Black Friday, numa reedição da Black Wednesday de 1992, quando ele ganhou imenso dinheiro a apostar contra a libra esterlina.
Mas nem os argumentos económicos parecem convencer os eurocépticos, que continuam a usar o papão da imigração como principal trunfo de campanha. Aliás, os argumentos de um e outro lado estão resumidos nos cartazes que foram afixados esta terça-feira: de um lado, um poster pró-Europa com uma porta que abre para um enorme vazio escuro, e, do outro, um cartaz afixado pelo UKIP a mostrar um grande engarrafamento com a seguinte mensagem “as nossas escolas estão sobrelotadas”. São os argumentos da economia, de um lado, e o da imigração, de outro.
Os especialistas em sondagens dão dois argumentos que ainda podem virar o referendo a favor da permanência: a possibilidade de se repetir o que aconteceu na Escócia e o voto de ruptura perder força com o aproximar da hora da verdade; e o facto de as sondagens poderem estar a subestimar as pessoas mais favoráveis à permanência que, pelo perfil, ocupação, ou idade, serão também as mais difíceis de contactar. Esperemos que assim seja e que na sexta-feira o Reino Unido continue a fazer parte desta grande família europeia que, com todos os seus defeitos, continua a ser o melhor projecto que os povos europeus encontraram para garantir a paz e para defender os valores em que acreditamos, como os da solidariedade e da tolerância.
Sexta-feira, o dia seguinte, não será uma Black Friday como augura Soros. Mas a vitória do “Brexit” levará os britânicos a entrar na tal porta do cartaz e, como avisou Cameron esta terça-feira, esse é um “caminho de não retorno”. Esta foi uma mensagem que não ficou suficientemente clara na campanha. Os eurocépticos tentaram transmitir a ideia de que no dia seguinte, com uns acordos bilaterais e um special arrangement com a UE, tudo ficaria mais ou menos igual, com a “vantagem” de não terem de partilhar soberania ou abrir fronteiras. Mas, como explicava o professor da London School of Economics Damian Chalmers ao PÚBLICO, os outros Estados-membros também têm eurocépticos e não vão dar às Frentes Nacionais desta vida este argumento: “Votem em nós para sairmos da UE e conseguirmos um acordo como este.” Por isso é que o caminho do “Brexit” é estreito e de sentido único.