Estrelas brilham em jogo colectivo apagado
Frente à Hungria, Portugal regressou ao 4x4x2, depois de no último jogo ter dominado em 4x3x3, com um trio de avançados puros. O quarteto defensivo esteve participativo no início de construção, com os centrais a transportar até ao meio-campo e os laterais a apoiar. Eliseu, desastrado nos seus raides, perdeu a bola com facilidade. Com William pouco disponível para ajudar no momento de saída, os centrais Ricardo Carvalho e Pepe subiam muito no campo na procura de bolas longas para os avançados Ronaldo e Nani. Neste contexto, e com João Mário excessivamente encostado à faixa direita (melhor sem bola, na pressão), as alternâncias na ocupação espacial de Moutinho e André Gomes na zona interior esquerda não tiveram a solicitação adequada.
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Frente à Hungria, Portugal regressou ao 4x4x2, depois de no último jogo ter dominado em 4x3x3, com um trio de avançados puros. O quarteto defensivo esteve participativo no início de construção, com os centrais a transportar até ao meio-campo e os laterais a apoiar. Eliseu, desastrado nos seus raides, perdeu a bola com facilidade. Com William pouco disponível para ajudar no momento de saída, os centrais Ricardo Carvalho e Pepe subiam muito no campo na procura de bolas longas para os avançados Ronaldo e Nani. Neste contexto, e com João Mário excessivamente encostado à faixa direita (melhor sem bola, na pressão), as alternâncias na ocupação espacial de Moutinho e André Gomes na zona interior esquerda não tiveram a solicitação adequada.
A Hungria entrou num 4x2x3x1 com qualidade ofensiva, elaborando um futebol de posse excelente. O jogo apoiado começa nas “calças de pijama” do guarda-redes Király, que procurou a largura dos laterais ou a proximidade dos centrais. A indefinição da zona de pressão portuguesa, um bloco médio-alto indeciso entre fechar o sector defensivo ou o intermediário, permitiu a ligação dos defesas com os médios. Pintér e Gera formavam o duplo pivot que se libertava com facilidade, procurando o organizador Elek. Alternando jogo exterior com interior estavam os extremos Dzsudzsák (de fora para dentro) e Lovrencsics (mais vertical), que auxiliavam a mobilidade por toda a frente atacante do poderoso Szalai.
No entanto, os golos no primeiro tempo escaparam a esta lógica global, com a Hungria a aproveitar uma desatenção num canto (falha de cobertura à entrada da área que permitiu um golaço a Gera). O golo nacional nasceu da inteligência de Ronaldo, que tirou partido do excessivo espaçamento entre as linhas média e defensiva, servindo a velocidade de Nani para uma finalização repentista.
A segunda parte iniciou-se com um golo de livre directo de Dzsudzsák, que repôs a vantagem dos magiares (a bola desviou na barreira). Com o 2-1 a Hungria ficou confiante e subiu as linhas de pressão, montou um bloco alto proactivo que tentou roubar logo a bola à defesa lusa. Portugal respondeu de pronto a essa alteração, fazendo finalmente uma circulação apoiada (de forma rápida ao primeiro toque), o que permitiu a fuga às apertadas marcações. Assim surgiu o terceiro golo, Vieirinha de primeira para João Mário, jogada em tabela com Nani a dois toques e cruzamento para o gesto magistral de calcanhar de Ronaldo.
Portugal nunca foi capaz de controlar o encontro, muito partido em transições na etapa complementar. O jogo colectivo mais “espesso” da Hungria foi novamente premiado - remate de Dzsudzsák, desvio em Nani, traição a Patrício. A selecção nacional teve o mérito de não se desorganizar psicologicamente (apesar de tacticamente desnorteada). Quaresma teve de entrar para pôr a bola na impulsão e cabeceamento fantástico de CR7 (desta vez eficaz).
O resgate do 4x3x3 na última meia hora estabilizou a equipa e racionalizou a disposição posicional. Portugal passou em terceiro (não é irrelevante). Apareceram as estrelas para “finalizar”, mas o colectivo não teve qualidade a “jogar” (o inverso do que sucedera anteriormente). É necessário unir os dois mundos (jogo e golo) para ter aspirações à vitória final. Analista de futebol