Hoje como há mais de 100 anos ou as curiosidades do exame de História
Os alunos do 9.º já se despediram dos exames, os do secundário realizam esta quarta-feira uma das quatro provas mais concorridas, a de Biologia e Geologia.
A 20 de Novembro de 1906, a caminho do fim da monarquia, na Câmara de Deputados portuguesa, também se discutia a execução orçamental. Em cima da mesa estava a reforma da contabilidade pública apresentada pelo então presidente do conselho de ministros, João Franco. “Precisamos absolutamente dessa lei de contabilidade, para que os orçamentos sejam executados tais como são votados no Parlamento”, proclamou o chefe do Governo, em resposta a um deputado republicano.
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A 20 de Novembro de 1906, a caminho do fim da monarquia, na Câmara de Deputados portuguesa, também se discutia a execução orçamental. Em cima da mesa estava a reforma da contabilidade pública apresentada pelo então presidente do conselho de ministros, João Franco. “Precisamos absolutamente dessa lei de contabilidade, para que os orçamentos sejam executados tais como são votados no Parlamento”, proclamou o chefe do Governo, em resposta a um deputado republicano.
Esta lei “deixa nas mãos do Governo a maneira de defender criminosamente os autores e cúmplices dos crimes anteriormente cometidos”, dissera o também futuro presidente do conselho de ministros da República Portuguesa, referindo-se aos sucessivos adiantamentos de verbas do Estado à Casa Real. Afonso Costa seria expulso do parlamento nesse dia pelo chefe do Governo, mas já depois de ter dito o seguinte, que também poderia ser replicado nos dias de hoje: “Já estou a ver o Sr. João Franco […] a apresentar a necessidade da ditadura para a suposta salvação do Estado; e prescindir assim da cooperação, um tanto incómoda, das minorias parlamentares […] ”
Este relato (actual) da sessão parlamentar de 20 de Novembro de 1906 foi reproduzido no exame de História A do 12.º ano, realizado nesta terça-feira. Estavam inscritos cerca de 19 mil alunos. Faltaram à prova 660. Para além da situação do país nos últimos anos da monarquia, os estudantes foram também inquiridos sobre o Portugal de 1371, sobre o pós II Guerra Mundial, a adesão de Portugal à Europa comunitária e as dificuldades na construção da unidade económica e política da UE. Tudo isto em duas horas mais 30 minutos de tolerância, sendo que três das 11 perguntas eram de desenvolvimento.
Exame de Matemática adequado
Também nesta terça-feira os alunos do 9.º ano foram chamados a realizar o exame de Matemática, o último desta temporada e aparentemente saíram aliviados da prova, que foi realizada por 95.719 estudantes. “Achei o exame mais acessível do que o do ano passado”, diz Miguel Santos, aluno da Escola Secundária Padre Alberto Neto, em Queluz, sede do segundo maior agrupamento do país. Este aluno tem quatro a Matemática e quer seguir a área de Economia no ensino secundário. O seu amigo Duarte Picasso também teve quatro a Matemática e espera manter a nota. Para isso, assim que terminou as aulas, dividiu o seu estudo entre Português e Matemática. Nos últimos dias, aplicou-se só à última disciplina. “Valeu o esforço. Até correu bem”, conta.
Também a professora Ana Isidoro considerou que o exame foi “acessível e corresponde ao que deu em aula” e até há exercícios muito parecidos com os dos anos anteriores, como o da função de proporcionalidade inversa. No mesmo sentido pronunciou-se a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), num parecer sobre a prova, onde destaca que esta “ está bem construída, tem uma estrutura interessante, tem um nível global de dificuldade semelhante a provas de anos anteriores, e dá passos seguros no sentido da boa integração das metas curriculares neste instrumento de avaliação final do ensino básico”.
A SPM frisa ainda que o exame apresentava algumas questões, “como a 6 e a 10, que, não sendo propriamente difíceis, apelam, para a sua resolução, a capacidades de raciocínio matemático ou de reconhecimento de padrões cuja inclusão é de saudar”.
Suspensão dos programas
A Associação de Professores de Matemática (APM) voltou a defender, nesta terça-feira, que as metas curriculares para o ensino básico, um dos documentos de base para a elaboração do exame do 9.º ano, devem ser substuídas por "orientações por ciclo de ensino, dirigidas a cada domínio temático do programa". A APM justifica esta posição pelas "inúmeras perturbações" que a aplicação das metas, aprovadas por Nuno Crato, têm causado, nomeadamente devido à sua "extensão e, sobreudo, às abordagens preconizadas".
Na mesma carta, a APM exige também de novo a suspensão do novo programa de Matemática A, que no ano lectivo de 2015/2016 começou a ser implementado no 10.º ano.