Exame de Português do 9.º ano “livrou” os alunos da poesia
Alunos do 3.º ciclo estrearam-se nesta sexta-feira na temporada 2015/16 de exames nacionais. A Português, Gil Vicente substituiu o esperado Camões.
“Parecia-me igual aos testes que fiz durante o ano.” É assim, descontraído, que Rafael Martins, aluno do 9.º ano da Escola Básica e Secundária de Águas Santas, na Maia, sai do exame de Português realizado nesta sexta-feira.
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“Parecia-me igual aos testes que fiz durante o ano.” É assim, descontraído, que Rafael Martins, aluno do 9.º ano da Escola Básica e Secundária de Águas Santas, na Maia, sai do exame de Português realizado nesta sexta-feira.
“Tinha perguntas um bocado aborrecidas”, não deixou de referir Rosa Naveira, professora de Português nesta escola, onde 238 alunos estavam inscritos no exame. Uma prova que não foi difícil, segundo alunos e professores, mas que incluía partes “um bocado mais chatas”, por parecerem mais fáceis do que na realidade são, salientou ao PÚBLICO a professora.
Uma “prova acessível” para Rafael Martins e Marta Leite, que, tal como a maioria dos alunos desta escola, terminaram na primeira hora e meia dada. Numa prova livre de Camões, coube a Gil Vicente protagonizar o texto de maior dificuldade para os alunos desta escola. A escolha da obra Auto da Barca do Inferno deixou os alunos surpreendidos: “Sempre pensámos que ia sair Os Lusíadas, tendo em conta que nos outros anos saiu sempre”, referiu Marta Leite.
Na parte da prova destinada à interpretação, coube-lhes responder às perguntas sobre um excerto da obra vicentina. As duas perguntas eram específicas sobre o excerto, o que pode dificultar a vida a uma parte dos alunos “que sabem o conteúdo em relação à obra toda, mas não se focam no excerto”, alertou a professora.
Noutras escolas, os alunos fizeram a interpretação do excerto da obra Auto da Índia, também de Gil Vicente, consoante o programa adoptado pelos professores de Português.
Na parte da gramática, algumas perguntas podem ter induzido os alunos em erro, “porque eles vão muito pelas indicações que os professores dão”. “De resto era uma prova acessível” — e nem saiu poesia que tanto medo causa a estes alunos, destacou a professora.
Ainda na interpretação, saiu um texto jornalístico do Diário de Notícias, sobre regras a cumprir nos transportes públicos, e um outro texto literário, Assobiando à vontade, de Mário Dionísio, este último incluído no manual do 8.º ano adoptado pela escola. Textos que a professora e os alunos consideraram simples de perceber, mas que podem pregar uma ratoeira pelas perguntas “parecerem excessivamente simples e não o serem”, nota Rosa Naveira.
No final, era pedido aos alunos que escrevessem um artigo de opinião sobre as normas de relacionamento entre si. “Aqui estava tudo ligado às vivências deles”, destaca a professora.
A docente não deixa de salientar que, “muitas vezes, os alunos ficam demasiado optimistas, quando acham tudo muito fácil”. Para já, espera-se pelos critérios de correcção da prova.