O que era a SEGA Portugal?

Há anos que tento contactar alguém da Ecofilmes que esteja disposto a partilhar a sua experiência, ajudando a registar um pouco do ambiente daquela época. Infelizmente, ninguém quer falar

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Existe uma resposta rápida para a questão que faz tema desta crónica. A SEGA Portugal era, na verdade, a distribuidora Ecofilmes Lda que, em 1991, fez um acordo com a conhecida entidade nipónica para distribuir o seu material no nosso país. Mas há outras perguntas que duram há praticamente décadas.

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Existe uma resposta rápida para a questão que faz tema desta crónica. A SEGA Portugal era, na verdade, a distribuidora Ecofilmes Lda que, em 1991, fez um acordo com a conhecida entidade nipónica para distribuir o seu material no nosso país. Mas há outras perguntas que duram há praticamente décadas.

Há anos que tento contactar alguém da Ecofilmes que esteja disposto a partilhar a sua experiência, ajudando a registar um pouco do ambiente daquela época. Infelizmente, ninguém quer falar. Há uns meses, o cenário voltou a repetir-se.

A revista "Pushstart" estava a preparar uma reportagem especial dedicada à Mega Drive e, por isso, fazia todo o sentido (tentar novamente) contactar os representantes da SEGA Portugal para darem o seu contributo. Foram contactados chefes de secção, directores, motoristas e até repositores de "stock". No total, mais de 30 pessoas. Ninguém quis falar. Ninguém. E assim se perdeu (mais) uma oportunidade de registar a nossa história.

Congéneres da SEGA España, SEGA UK e SEGA Italy têm dado entrevistas nos últimos anos onde recordam os tempos áureos da SEGA na Europa. Partilhando desta forma os seus métodos de distribuição, o ambiente de trabalho naquelas equipas, algumas estratégias de "marketing" utilizadas, as formas como eram vistos os videojogos na época. Em suma, deixaram a sua história ser registada.

E em Portugal? Bem, aqui é completamente diferente. Alguns agora dirão: "Mas isso são só jogos, não é muito importante". Se não é importante, então qual é o mal de haver um registo? Por outro lado, a presença da SEGA Portugal não pode ser considerada leviana. Antes disso, a pirataria imperava no nosso país e as consolas nunca tinham sido vistas com bons olhos.

Porém, graças ao empenho da distribuição do material SEGA e às suas campanhas de marketing — quem se pode esquecer de alguns anúncios? —, a mentalidade começou a mudar. E, durante anos, a SEGA era uma das marcas mais respeitadas de videojogos. Enquanto não existir um registo oficial sobre as operações, ou partilha de algumas meras curiosidades em Portugal, resta-nos especular.

Afinal, porque é que alguns jogos da Mega Drive eram, na verdade, cartuchos e capas da SEGA Genesis? Porque é que o Dragon Ball Z da Mega Drive vinha em japonês? Como nasceu a ideia dos "Portuguese Purple" da Master System? Como era o ambiente da sociedade portuguesa perante os videojogos? Aposto que quase todos os aficionados da marca têm uma teoria, mas ninguém pode afirmar com toda a certeza as razões por detrás dessas decisões.

Os únicos registos disponíveis são mesmo escassos. Na imprensa encontram-se facilmente análises aos produtos ou notícias sobre a chegada de novos jogos. E é quase tudo. Não há entrevistas. Do pouco que encontrei até hoje, e que reflecte alguma representação portuguesa, encontram-se referências ao lançamento de "Ecco The Dolphin", no rio Sado, onde foi igualmente anunciado que, por cada venda do jogo, uma parte do valor revertia para a campanha "Salvei um golfinho". Outra noticia relata o lançamento da SEGA 32X, feita no piso superior do Centro Comercial Amoreiras, onde durante uma semana os visitantes puderam testar o periférico. Depois há alguns torneios, como o de "Virtual Racing", feito em algumas praias do país, no distante Verão de 1994. E mesmo destes eventos pouco se sabe, tirando a sua existência.

Talvez um dia, quando alguém finalmente tiver coragem, ou simplesmente pensar na importância deste registo, conseguiremos algumas respostas. É importante o papel da SEGA Portugal não ser descuidado. Se o fizermos, um dia os faraós morrem e restar-nos-á especular sobre como foram feitas as pirâmides.