Análises não detectam bactérias fatais nos três mortos em casa de saúde açoriana

Resultados contradizem a explicação avançada pela Casa de Saúde de São Rafael, que atribuiu as mortes a um "surto diarreico sem febre".

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Instituição onde ocorreram as mortes localiza-se em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.

A Delegação de Saúde de Angra do Heroísmo, nos Açores, não detectou bactérias fatais nas análises dos três utentes que morreram em Março na Casa de Saúde de São Rafael e o Ministério Público continua a investigar o caso. Os resultados contradizem a explicação avançada pela instituição, que atribuiu as mortes a um "surto diarreico sem febre".

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A Delegação de Saúde de Angra do Heroísmo, nos Açores, não detectou bactérias fatais nas análises dos três utentes que morreram em Março na Casa de Saúde de São Rafael e o Ministério Público continua a investigar o caso. Os resultados contradizem a explicação avançada pela instituição, que atribuiu as mortes a um "surto diarreico sem febre".

"Não foram detectadas bactérias nas amostras colhidas aos utentes aquando da sua deslocação ao hospital", disse à Lusa fonte da Secretaria Regional da Saúde. A mesma fonte precisou que não foram detectadas nas análises as bactérias salmonela ou shigella, nem foram identificados micro-organismos capazes de causar distúrbios intestinais.

Em finais de Março três utentes morreram na mesma noite na Casa de Saúde de São Rafael, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, segundo a instituição devido a um "surto diarreico sem febre", tendo a Delegação de Saúde e a Inspecção Regional das Actividades Económicas iniciado inspeções para averiguar o caso.

A investigação do Ministério Público continua a decorrer, tendo serviços de saúde entregue um relatório inicial. "A Delegação da Saúde está disponível para continuar a colaborar com o Ministério Público, dentro das suas competências para esclarecer o que se passou", salientou. O caso foi revelado em Março pela RTP Açores.

Segundo a instituição, um "surto diarreico sem febre associada" afectou vários utentes e levou à hospitalização de dois, "um de 73 anos e outro de 41", que acabaram por morrer no dia seguinte. Um terceiro utente, de 44 anos, que segundo a casa de saúde "manifestou apenas alguns sintomas de má disposição", veio a "aparecer cadáver no leito, aquando da ronda nocturna", na instituição.

Em Abril, a instituição disse, em comunicado, que "tomou todas as diligências necessárias no sentido de identificar a causa desta ocorrência, tendo sido enviadas para análise bacteriológica no hospital da ilha Terceira, colheitas de fezes dos utentes que apresentavam diarreias mais graves" e que estava disponível para colaborar com as inspecções.