Hollande diz que "Portugal honra a França" neste 10 de Junho
Presidente francês prometeu "desenvolver o ensino do português".
O presidente francês, François Hollande, disse esta sexta-feira que "Portugal honra a França" ao comemorar o Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas em Paris e ao distinguir "quatro portugueses que deram provas de grande coragem na noite de 13 de novembro".
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O presidente francês, François Hollande, disse esta sexta-feira que "Portugal honra a França" ao comemorar o Dia de Portugal, Camões e das Comunidades Portuguesas em Paris e ao distinguir "quatro portugueses que deram provas de grande coragem na noite de 13 de novembro".
"Portugal honra a França. Neste dia de abertura do Euro e de festa nacional portuguesa, sabemos o que representa este protocolo excepcional. Em França, será que seria possível ao Presidente da República e ao primeiro-ministro ir festejar o 14 de julho noutra capital a não ser Paris?", declarou o Presidente francês durante as comemorações do 10 de Junho no salão de festas da Câmara Municipal de Paris.
A escassas horas de a França entrar em campo para enfrentar a Roménia no pontapé de saída do Euro 2016, François Hollande quis ser breve no discurso e disse, perante palmas da sala: "No futebol, não quero que a França encontre Portugal a não ser na final! Mas se isto acontecer, o Presidente da República e o primeiro-ministro vão ser obrigados a voltar. Desde já os convido e seremos felizes nessa noite."
Antes de ser convidado, no final dos discursos, a partilhar com Marcelo Rebelo de Sousa a imposição das insígnias aos quatro portugueses distinguidos pela ajuda prestada a dezenas de pessoas na noite do atentado ao Bataclan, François Hollande louvou a coragem destas pessoas e a ajuda de Portugal a seguir aos atentados de 13 de Novembro. "Vocês honram a França e Paris ao distinguir quatro portugueses que deram provas de grande coragem na noite de 13 de Novembro. A Anne Hidalgo [presidente da Cãmara de Paris] e eu estivemos, nessa noite, neste bairro martirizado perto do Bataclan onde estes homens e mulheres mostraram sangue frio e fraternidade", sublinhou.
François Hollande acrescentou que "Portugal respondeu logo positivamente mais uma vez" quando pediu "soldados para a RCA e para o Mali para aliviar as forças francesas de modo a que estas viessem para Paris para proteger a população". O chefe de Estado francês lembrou também que Paris tem uma "Avenida dos Portugueses" em memória dos "sacrifícios dos soldados lusos que vieram ajudar a França" na Primeira Guerra Mundial e recordou o papel de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul português que "salvou a vida de judeus" durante a Segunda Guerra Mundial.
François Hollande disse, por isso, que a França "é um amigo no Conselho Europeu e não apenas um parceiro", destacando que "França e Portugal devem mostrar que a Europa não é apenas regras económicas, mas também um projecto de civilização e cultura".
"Partilhamos o mesmo projecto europeu. Quando um país se interroga sobre o futuro da União, mesmo que pensemos que o Reino Unido deva ficar na Europa, nós temos uma responsabilidade suplementar. (...) Numa altura em que muitos se interrogam o que é a Europa, a vossa presença aqui, mostra que somos em primeiro lugar europeus", afirmou.
Hollande sublinhou que em Paris vivem "100 mil pessoas da comunidade portuguesa", recordando que "a emigração foi considerável de 1960 a 70" quando "a França era uma terra de exílio, o que justificou a presença de Mário Soares e de Zeca Afonso que gravou em Paris a Grândola Vila Morena, o hino da Revolução dos Cravos".
"Vocês estão na base da construção em França, primeiro porque os portugueses têm muitos empregos na construção civil e muitos criaram as próprias empresas. Mas também porque contribuíram para construir a França e é bem legítimo que hoje o presidente da República Francesa exprima o seu reconhecimento", declarou Hollande perante cerca de 800 convidados.
O presidente francês comprometeu-se ainda, perante uma salva de palmas, a "desenvolver o ensino do português em França", não apenas pela "relação excepcional entre França e Portugal" mas também porque "a comunidade lusófona são 250 milhões de falantes".
François Hollande sublinhou ainda que não esquece "o que a cultura portuguesa ofereceu à cultura francesa", enumerando o pintor Amadeo de Souza Cardoso e Amália Rodrigues, e mencionou várias outras áreas em que se destacam portugueses em França, como o presidente da Peugeot, Carlos Tavares, os futebolistas Pedro Pauleta e Robert Pirès ou a equipa portuguesa que joga no campeonato francês de futebol, o US Créteil Lusitanos.
O chefe de Estado francês também falou, ainda, sobre "a intensidade da parceria económica que se quer ampliar", dizendo que há cerca de 700 empresas francesas em Portugal. No final do discurso, François Hollande anunciou que vai a Portugal em Julho com uma comitiva de muitos portugueses e franco-portugueses.