Barroso nega ter promovido candidatura de Georgieva à ONU no grupo de Bilderberg
Ex-presidente da Comissão Europeia garante que continua a apoiar a candidatura de Guterres a secretário-geral da ONU, "como sempre".
A vice-presidente da Comissão Europeia Kristalina Georgieva participou na quinta-feira num encontro do influente grupo de Bilderberg, no qual, segundo o site EuroActiv, foi promovida por Durão Barroso como candidata a secretária-geral das Nações Unidas. Barroso negou entretanto esse facto ao Expresso, garantindo que continua a apoiar António Guterres.
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A vice-presidente da Comissão Europeia Kristalina Georgieva participou na quinta-feira num encontro do influente grupo de Bilderberg, no qual, segundo o site EuroActiv, foi promovida por Durão Barroso como candidata a secretária-geral das Nações Unidas. Barroso negou entretanto esse facto ao Expresso, garantindo que continua a apoiar António Guterres.
O site de notícias sobre a União Europeia diz que confirmou a presença da política búlgara, também comissária do Orçamento e Recursos Humanos, no encontro anual, realizado em Dresden (Alemanha), deste grupo que junta algumas das figuras mais influentes da política e da economia mundial. Participaram ainda no encontro de quinta-feira Mark Rutte, primeiro-ministro da Holanda, a chefe do Fundo Monetário Internacional Christine Lagarde, Thomas de Maizière, ministro do Interior da Alemanha, o líder do partido grego Nova Democracia, Kyriakos Mistotakis, Michael Noonan, ministro das Finanças da Irlanda, o antigo chefe da diplomacia americana Henry Kissinger, o ex-presidente da Comissão Europeia, o português Durão Barroso, e outras personalidades.
A agenda da Comissão Europeia indica que Kristalina Georgieva esteve na Alemanha na quinta-feira, mas não refere o encontro de Bilderberg. Em declarações à imprensa búlgara, Georgieva disse que participou na reunião a título privado, mas que "apresentou a posição da Comissão".
O EuroActiv recorda a influência do grupo de Bilderberg na escolha de líderes. Recorda que em 2009 o antigo presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, promoveu um encontro Bilderberg em Bruxelas para garantir a sua nomeação.
De acordo com o EurActiv, Barroso terá pedido a 7 de Junho ao primeiro-ministro da Bulgária que trocasse a candidata búlgara à ONU. A 8 de Fevereiro, o governo de Sofia pôs fim à especulação de que Georgieva concorreria ao cargo, confirmando a nomeação de Irina Bokova, actual directora-geral da UNESCO.
O primeiro-ministro terá dito a Georgieva que não podia nomeá-la por ela ter ligações aos antigos serviços secretos. Porém, segundo o site EurActiv, o nome de Georgieva não consta para já dos documentos, estando, no entanto, o Comdos, entidade que gere o acesso e revelação destas informações, a aguardar por mais dados.
O EurActiv relata ainda que Georgieva teria pedido ao antigo eurodeputado do PSD Mário David (que o PÚBLICO tentou, sem sucesso, contactar) para fazer lobbying para a sua nomeação e que este teria contactado os governos da Hungria e da Albânia.
Em declarações ao Expresso, Durão Barroso negou estar a tentar promover a candidatura de Georgieva ao cargo de secretária-geral da ONU, ao qual concorre também um português, o ex-Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres. Barroso disse que apoia Guterres na corrida, “como sempre”.
Em Fevereiro, num debate organizado pela RTP e pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, Barroso já o tinha dito. “Vejo com muito agrado a candidatura de António Guterres”, afirmou o antigo presidente da Comissão Europeia e ex-primeiro-ministro. Guterres confirmou ter recebido manifestações de apoio do político do ex-rival político, que lhe sucedeu à frente do Governo: “Estou muito agradado.”
Nesse debate, revelaram sintonia em vários temas. E, tal como o Presidente da República, no discurso que fez neste 10 de Junho, elogiando o povo em contraponto com a crítica às elites, também Barroso e Guterres apontaram então o dedo às elites do país. Guterres considerou que “as elites portuguesas não estão à altura do povo que temos”. Divergências só quanto à “geringonça”: Barroso disse que a solução governativa não é boa para o país; Guterres discordou, considerando que o acordo PS-BE-PCP-PEV “foi criativo”.