Os livros (e os saldos) são para todos na Feira do Livro de Lisboa

A maior feira literária do país atrai todo o tipo de leitores e é, mais do que um lugar de venda e compra de livros, uma experiência de passeio e convívio.

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Durante duas semanas, o Parque Eduardo VII, em Lisboa torna-se um ponto de passagem obrigatória para os amantes de livros, as suas laterais pontilhadas por barraquinhas de todas as editoras possíveis e imaginárias. A 86.ª Feira do Livro de Lisboa reúne autores e leitores e já é aguardada com expectativa por quem não abdica de ter um livro na mão e de apreciar o característico cheiro do papel.

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Durante duas semanas, o Parque Eduardo VII, em Lisboa torna-se um ponto de passagem obrigatória para os amantes de livros, as suas laterais pontilhadas por barraquinhas de todas as editoras possíveis e imaginárias. A 86.ª Feira do Livro de Lisboa reúne autores e leitores e já é aguardada com expectativa por quem não abdica de ter um livro na mão e de apreciar o característico cheiro do papel.

Há quem venha de propósito à capital para visitar aquela que é a maior feira literária do país. É o caso de António Silva, arqueólogo que veio de Vila Nova de Gaia. “É uma feira grande, que dá para trabalho e para efeitos de coleccionismo, porque tenho a casa cheia de livros”, afirma. António destaca a variedade de temas e refere que na Feira há tudo. “Às vezes é o que está em livro do dia, outras o que está em preço especial. Também gosto muito das bancas dos alfarrabistas”, conta.

Também de fora de Lisboa chegaram as amigas Carla Tomé e Ana Azenha, que trabalham numa livraria na Figueira da Foz. Carla não vinha à Feira há 12 anos e já tinha saudades da “concentração de tudo no mesmo espaço”. Ana, por sua vez, trouxe uma lista de livros que quer encontrar. “Quero procurar, comparar preços e passar aqui o dia com calma”, diz, animada.

A Feira do Livro de Lisboa é, mais do que um lugar de compra e venda de livros, uma experiência de convívio entre amigos e famílias. André Guimarães veio com o avô pelo segundo ano consecutivo. Enquanto o avô diz que ainda só viram “um quarto da feira e faltam três filas”, André reconhece que “andar pelo parque a ver os livros é um passeio giro”.

A Hora H

A poucos dias de fechar as portas, e decorrida mais de metade desta 86.ª edição, a Feira tem sido um sucesso, de acordo com os editores. Ainda não há números, mas se durante a semana o movimento se dá, sobretudo, ao final da tarde, os fins-de-semana são mais agitados. Especialmente procurada é a Hora H, a última hora da feira, entre as 22h e as 23h, em que são vendidos livros editados há mais de ano e meio com o mínimo de 50% de desconto. “As pessoas continuam a achar que os preços são altos, mas aproveitam essa hora com bastante afluência, é muito positivo”, diz Jorge Brito. O coordenador da Editorial Presença diz que a editora tem apostado muito nos autores portugueses e na literatura infanto-juvenil. “Temos, por exemplo, colecções como o Onde Está o Wally e temos obtido bons resultados."

Núria Figueiredo, da Almedina, conta que as vendas têm corrido bem, numa proporção parecida com a dos anos anteriores, mas de novo ressalva a importância da Hora H. “As pessoas muitas vezes ligam, perguntam se o livro está disponível para a Hora H, e reservam para o próprio dia”, conta. Na banca da Almedina, há sempre cinco livros em destaque, descontos de 20% e um livro em particular com promoção de 40%.

Já a Tinta-da-China estabelece, a cada ano, o objectivo de ultrapassar a fasquia de vendas do ano anterior e, segundo Alexandre Vaz, “tem conseguido cumprir sempre”. Casa de autores como Gregório Duvivier e Ricardo Araújo Pereira, a editora promove debates e lançamentos numa espécie de “pedido de amizade ao leitor”. Alexandre vai ainda mais longe e afirma que a Feira já se tornou um ritual social: “As pessoas vêm, trazem os filhos, comem um gelado. Vemos muitas famílias."

Diz a experiência de Alexandre Vaz que muitos clientes abdicam de fazer compras durante os restantes 11 meses, à espera dos saldos da Feira do Livro de Lisboa. “Vários me contaram que, se for preciso, não compram livros durante o ano para virem gastar aqui o dinheiro”, diz.

No Parque Eduardo VII, há espaço para todos, inclusive para as bancas de alfarrabistas. João Miguel vende livros há 40 anos e está há 14 na Feira. “Noto que, relativamente a outros países, as pessoas cá têm muito o espírito do barato”, diz. Apesar disso, 70% dos visitantes que se dirigem à sua banca procuram livros modernos e 30% preferem volumes antigos e de colecção.

A Feira do Livro de Lisboa caminha a passos largos para o encerramento, a 13 de Junho, mas espera uma enchente no último fim-de-semana e no último dia, feriado municipal em Lisboa. Para o ano, escritores e leitores voltarão a reencontrar-se naquela que já se tornou a casa dos livros ao ar livre aguardada por todos durante o resto do ano.

Texto editado por Inês Nadais