Descoberto novo monumento arqueológico em Petra

Plataforma de grandes dimensões está enterrada a cerca de 800 metros a sul da cidade, e foi localizada através de imagens de satélites e de drones.

Foto
Edifício do Tesouro, em Petra KHALIL MAZRAAWI/ AFP

“Escondido à vista de toda a gente”. O título não podia ser mais explícito quanto ao carácter extraordinário da mais recente descoberta arqueológica na cidade antiga de Petra, no sul da Jordânia.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

“Escondido à vista de toda a gente”. O título não podia ser mais explícito quanto ao carácter extraordinário da mais recente descoberta arqueológica na cidade antiga de Petra, no sul da Jordânia.

Num artigo publicado no boletim do American Schools of Oriental Research (ASOR), e difundido esta sexta-feira pela BBC, os investigadores Sarah Parcak e Christopher A. Tuttle anunciam a fantástica descoberta de um novo monumento naquela cidade Património da Humanidade desde 1985: uma plataforma com as dimensões de 56 x 49 metros – mais ou menos o equivalente a duas piscinas olímpicas lado a lado –, enterrada cerca de 800 metros a sul do centro de Petra.

A descoberta foi feita com a ajuda de imagens de satélite e fotografias realizadas a partir de drones, a que se seguiram estudos feitos no terreno pela equipa daqueles dois arqueólogos. “Estou certo de que durante os dois séculos de explorações [em Petra], alguém terá sabido que [este monumento] se encontrava lá, mas nunca foi estudado sistematicamente, nem se escreveu sobre ele”, disse Christopher A. Tuttle ao National Geographic, referindo-se às investigações que foram realizadas naquela cidade desde que a sua monumentalidade histórica foi redescoberta, em 1812, pelo explorador suíço Jean-Louis Burckhardt (1784-1817).

“Eu trabalhei em Petra durante vinte anos e percebi que ‘alguma coisa’ havia lá, mas é legítimo referirmo-nos a isto como uma descoberta”, acrescentou o arqueólogo e director executivo do conselho do ASOR, enfatizando a importância da descoberta agora realizada, mas sobre a qual há muito ainda para explorar.

Também Sarah Parcak, investigadora da Universidade do Alabama, Birmingham, e que se autodefine como “arqueóloga espacial”, diz que “Petra é um sítio massivo”. E justifica o título dado ao artigo de ambos – “Hiding in plain sight” –, precisamente porque, mesmo se [o monumento] fica a menos de um quilómetro a sul do centro da cidade, as observações anteriores não deram por ele”.

Segundo o artigo publicado no boletim do ASOR, a plataforma monumental agora localizada contém uma segunda superfície no seu interior, em laje, e que está demarcada, de um lado, por uma linha de colunas, e, do outro, por uma grande escadaria. Christopher A. Tuttle e Sarah Parcak estão convencidos de que o monumento deve remontar ao século II a.C. – ou seja, terá mais de 2150 anos –, e terá tido uma utilização cerimonial e religiosa.

Esta datação é avançada após a análise de peças de cerâmica espalhadas na zona entre o monumento e o centro actual da cidade. “Somos sempre muito cuidadosos com isto, mas a cerâmica mais antiga deverá recuar, de forma relativamente segura, até 150 a.C.”, acredita Tuttle.

A confirmar-se esta hipótese, o novo sítio arqueológico será então anterior àqueles que hoje fazem a fama e a história da Petra que, em 2007, em Lisboa, foi consagrada também como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo.

Petra foi fundada pelos nabateus no séc. IV a.C., mas, tendo-se tornado um enclave importante na rota comercial entre a Arábia e a Síria – ficou conhecida como “a cidade das caravanas” –, atingiu o apogeu entre os séculos I a.C e II d.C., época a que remontam os monumentos actualmente conhecidos.

Tuttle arrisca mesmo em estabelecer um paralelismo entre a importância do monumento agora localizado com o Mosteiro e principalmente o icónico Edifício do Tesouro – que foi cenário do filme de Steven Spielberg Indiana Jones e a Grande Cruzada (1989). Mas o arqueólogo também confessa que há muito ainda para escavar, explorar, estudar e explicar. “Para sermos honestos, não sabemos grande coisa sobre isto”, disse, citado pelo The Guardian.