Depois do leite e da carne de angus, Jerónimo Martins avança para a aquicultura
Grupo dono do Pingo Doce assinou acordo de parceria com uma empresa da Madeira para a produção de dourada.
Já desde Março existia a promessa de que a Jerónimo Martins iria alargar os braços produtivos a uma nova área. Depois da produção de leite e de carne de angus, a dona do Pingo Doce formalizou nesta quinta-feira essa intenção, com a assinatura de um acordo de parceria com a Marisland – Madeira Mariculture para a produção de dourada em regime de aquicultura.
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Já desde Março existia a promessa de que a Jerónimo Martins iria alargar os braços produtivos a uma nova área. Depois da produção de leite e de carne de angus, a dona do Pingo Doce formalizou nesta quinta-feira essa intenção, com a assinatura de um acordo de parceria com a Marisland – Madeira Mariculture para a produção de dourada em regime de aquicultura.
O grupo que detém o Pingo Doce refere que em comunicado que o acordo, assinado esta manhã no Funchal, implica “a constituição de uma sociedade participada” pela Jerónimo Martins e pela empresa madeirense, estando em causa um investimento conjunto de quatro milhões de euros.
A nova empresa participada do grupo que hoje tem como presidente executivo Pedro Soares dos Santos (filho de Alexandre Soares dos Santos) “terá uma capacidade de produção, numa primeira fase, de cerca de 550 toneladas de peixe por ano”, mas poderá chegar às 1200 toneladas.
A Jerónimo Martins escreve ainda que o surgimento deste novo operador, que ficará instalado na Madeira, “representará a criação de dez novos postos de trabalho directos”, o que incluirá desde mergulhadores a administrativos, “preferencialmente a serem recrutados localmente”.
O acordo representa a entrada do dono do Pingo Doce no negócio da aquicultura, depois de, em Março, Pedro Soares dos Santos ter dado conta de que existia “um plano de trabalho” nesse sentido.
Em Portugal, a captura da dourada chegou às 242 toneladas no ano passado, o que rendeu no mercado 2,8 milhões de euros, tendo a Madeira uma frota de pesca de dourada fresca de apenas uma tonelada. A captura diminuiu 19% em relação ao ano anterior, mas a quebra em valor foi mais baixa, de 11,2%, comparando com um ano em que ultrapassara os três milhões de euros.
Já os dados anuais da produção desta espécie em aquicultura a nível nacional referem-se ainda a 2014, ano em que a quantidade produzida chegou às 1071 toneladas, ou seja, 3,5 vezes mais do que a quantidade de dourada capturada no mar. Também neste regime houve uma quebra (de 10,8%), com a produção a rondar os seis milhões de euros.
Mais de dois terços da dourada de aquicultura é produzida em regime semi-intensivo, em que ao alimento natural dos peixes são associados suplementos de alimento artificial.
Apesar da quebra na dourada, as estatísticas da pesca publicadas em Maio pelo Instituto Nacional de Estatística mostram que, em 2014, a produção na aquicultura estava a crescer, sendo a dourada a quarta espécie mais importante, depois do pregado, da amêijoa e do mexilhão.
A aposta da Jerónimo Martins na produção da dourada segue-se a outros investimentos recentes do grupo na produção agro-alimentar. Primeiro, no sector dos lacticínios, com a compra da Serraleite (Portalegre), em 2015, estando em curso um investimento de 25 milhões de euros para triplicar a produção actual para 90 milhões de litros e fabricar manteigas e natas.
Já no início deste ano, foi anunciado um investimento de um milhão numa nova empresa agro-alimentar de produção de carne de bovino da raça angus, um desejo antigo de Alexandre Soares dos Santos. com Pedro Crisóstomo