A leucemia mielóide aguda é uma doença com 11 subtipos

Estudo genético envolveu mais de 1500 doentes.

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Glóbulos brancos com leucemia mielóide aguda Universidade de Washington

Uma equipa de cientistas revelou as falhas genéticas responsáveis por uma forma agressiva de cancro do sangue chamada leucemia mielóide aguda, descobrindo que não se trata de uma única doença mas pelo menos 11 doenças, o que tem implicações importantes para as hipóteses de sobrevivência dos doentes.

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Uma equipa de cientistas revelou as falhas genéticas responsáveis por uma forma agressiva de cancro do sangue chamada leucemia mielóide aguda, descobrindo que não se trata de uma única doença mas pelo menos 11 doenças, o que tem implicações importantes para as hipóteses de sobrevivência dos doentes.

A descoberta, obtida durante um grande estudo sobre esta doença, poderá melhorar os ensaios clínicos destinados a desenvolver novos medicamentos para a leucemia mielóide aguda e mudar a forma como os doentes são diagnosticados e tratados no futuro, de acordo com a equipa internacional de cientistas.

“Demonstrámos que a designação ‘leucemia mielóide aguda’ é um chapéu para um grupo de pelo menos 11 tipos diferentes de leucemias”, disse Peter Campbell, um dos coordenadores da investigação e que pertence ao Wellcome Trust do Instituto Sanger, no Reino Unido. “Podemos agora começar a decifrar a genética [da doença] para ajustar os ensaios clínicos e desenvolver formas de diagnóstico”, acrescentou o investigador. “O que podemos claramente ver é que o que acontecerá a um doente está escrito e codificado, em parte, no perfil genético desse doente de leucemia”, referiu ainda Peter Campbell aos jornalistas, numa conferência de imprensa em Londres.

A leucemia mielóide aguda é uma forma agressiva de cancro do sangue que se desenvolve nas células da medula óssea e que pode afectar pessoas de todas as idades. A Organização Mundial da Saúde estimava, em 2012, que 352 mil pessoas em todo o mundo tinham leucemia mielóide aguda e que a prevalência da doença estava a aumentar à medida que a população mundial ia ficando mais velha.

Frequentemente, o tratamento envolve meses de quimioterapia intensa no hospital, mas há grandes variações nas taxas de sobrevivência dos doentes – algo que os médicos e cientistas queriam investigar.

Para este estudo, publicado esta semana na revista New England Journal of Medicine, a equipa analisou 1540 doentes de leucemia mielóide aguda. Os cientistas estudaram mais de 100 genes que se sabe causarem leucemia, com o objectivo de identificarem assinaturas genéticas comuns ligadas ao desenvolvimento da doença. Descobriram que os doentes podiam ser divididos em pelo menos 11 grupos principais, cada um com uma constelação de alterações genéticas diferentes e características clínicas distintivas.

Além de identificar assinaturas genéticas comuns, a equipa também descobriu que a maioria dos doentes tem uma combinação única de alterações genéticas ligada à sua leucemia. Esta complexidade genética ajuda a explicar por que é que as taxas de sobrevivência da leucemia mielóide aguda têm tanta variabilidade, referiu o investigador.

“Pela primeira vez, desmontámos a complexidade genética da maioria dos genomas da leucemia mielóide aguda”, disse Elli Papaemmanuil, também coordenadora do estudo, no Centro do Cancro Sloan Kettering, em Nova Iorque, EUA.

Para esta investigadora, o conhecimento mais completo da constituição genética da leucemia de um doente melhora a capacidade de prever se o doente pode ficar curado com os medicamentos actuais. Esta informação também pode ser usada na concepção de novos ensaios para desenvolver o melhor tratamento para cada um dos subtipos de leucemia mielóide aguda.