Se Quaresma era uma das dúvidas, deixou de ser
Goleada folgada de Portugal por 7-0 frente à Estónia antes da partida para França. Ronaldo marcou dois, mas a grande “estrela” da noite foi o homem do Besiktas.
Ricardo Quaresma não é o jogador mais internacional, nem o que marcou mais golos e não é o mais velho, mas é, dos 23 convocados por Fernando Santos para o Euro 2016, aquele que há mais tempo se estreou pela selecção portuguesa, a 10 de Junho de 2003 num particular frente à Bolívia, quatro meses antes de Ricardo Carvalho e dois meses antes de Cristiano Ronaldo. Nestes 13 anos de selecção, foi mais suplente do que titular, mais uma opção de recurso do que um protagonista. Mas o que Quaresma está a mostrar nestes dias antes do Euro indiciam que o jogador do Besiktas está mais preparado que nunca para ser importante.
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Ricardo Quaresma não é o jogador mais internacional, nem o que marcou mais golos e não é o mais velho, mas é, dos 23 convocados por Fernando Santos para o Euro 2016, aquele que há mais tempo se estreou pela selecção portuguesa, a 10 de Junho de 2003 num particular frente à Bolívia, quatro meses antes de Ricardo Carvalho e dois meses antes de Cristiano Ronaldo. Nestes 13 anos de selecção, foi mais suplente do que titular, mais uma opção de recurso do que um protagonista. Mas o que Quaresma está a mostrar nestes dias antes do Euro indiciam que o jogador do Besiktas está mais preparado que nunca para ser importante.
Foi Quaresma a estrela maior do último ensaio de Portugal antes dos jogos a sério, com participação directa em cinco dos golos na vitória robusta da selecção portuguesa por 7-0, no Estádio da Luz, frente à Estónia. Num jogo em que Cristiano Ronaldo e Pepe, os últimos a chegar, foram titulares, Quaresma fez duas assistências, provocou um autogolo e ainda marcou dois. Se Fernando Santos tinha dúvidas sobre quem fará companhia a Ronaldo no ataque português ao Euro, a exibição do “Mustang”, como lhe chamou em tempos Laszlo Bölöni, deu-lhe argumentos para reclamar um lugar no “onze” em prejuízo de Nani.
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A maior expectativa para este último teste antes da viagem para França era ver como estava Ronaldo, que (tal como Pepe) teve uns dias extras de férias porque jogou a final da Liga dos Campeões pelo Real Madrid. O capitão da selecção foi titular, como Fernando Santos prometera, mas não escapou à apatia que tomou conta da equipa na primeira meia hora de jogo. Se o objectivo era afinar a pontaria contra um adversário fraco — e quanto menos se falar desta Estónia, melhor —, não estava a resultar.
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Ainda assim, era Quaresma o mais dinâmico, aquele que introduzia alguma anarquia numa equipa muito disciplinada, mas com alguma falta de rasgo. Mas depois desses 30 minutos pouco interessantes, Quaresma, como se costuma dizer, abriu o livro. Aos 36’, fez um cruzamento de “trivela” direitinha para Ronaldo fazer de cabeça o 1-0. Três minutos depois, foi Quaresma a protagonizar o momento da noite, ao marcar, ele próprio, um grande golo, de novo com um remate de “trivela”. Ainda antes do descanso, aos 45’, Ronaldo fez o 3-0 após boa combinação com João Mário.
Após o intervalo, já sem Ronaldo, Quaresma não descansou e o público da Luz exultava cada vez que a bola lhe chegava aos pés. Uma saída em falso de Patrício ainda deu um remate aos estónios que foi à trave, mas o espectáculo Quaresma foi retomado pouco depois.
Aos 55’, o homem do Besiktas marcou o canto e Danilo Pereira, de cabeça, fez o 4-0. Aos 61’, novo canto de Quaresma, alívio desastrado de Londak e Mets empurrou a bola para a própria baliza e para o 5-0.
O público ia pedindo só mais um e a selecção respondeu. Aos 77’, Quaresma fez o seu segundo do jogo, num contra-ataque conduzido por Renato Sanches e, aos 80’, Éder fechou a goleada após um belo passe de André Gomes.
Estava feita uma goleada moralizadora antes da partida para França, onde qualquer um dos adversários de Portugal (Islândia, Áustria e Hungria) será mais forte do que a selecção estónia. Fernando Santos será um homem satisfeito ao ver que há mais gente que pode ser decisiva para além de Ronaldo, em especial esse “wild card” chamado Ricardo Quaresma, nem sempre compreendido (por vezes por culpa própria, outras não). Aos 32 anos, aquele que estava desde os 18 destinado a ser um desequilibrador espectacular na selecção quer assumir o (ou um dos) papel principal. E a forma como festejou do primeiro ao último golo só mostra que está pronto para a redenção.