Consumidores trocam menos de telemóvel e vendas abrandam
Gartner estima que mercado cresça 7% este ano e não volte às subidas de dois dígitos.
Os smartphones estão a ganhar tempo de vida. Com muitos mercados já próximos da penetração completa e com os consumidores a esperar mais para trocar os aparelhos que têm, o ritmo de crescimento das vendas vai continuar a abrandar, aponta a empresa de análise de mercado Gartner.
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Os smartphones estão a ganhar tempo de vida. Com muitos mercados já próximos da penetração completa e com os consumidores a esperar mais para trocar os aparelhos que têm, o ritmo de crescimento das vendas vai continuar a abrandar, aponta a empresa de análise de mercado Gartner.
A Gartner estimou nesta terça-feira que as vendas vão crescer 7% ao longo deste ano. É um saldo positivo, sobretudo face a outras categorias de aparelhos, como é o caso dos tablets, que têm estado em queda. Mas é apenas metade da subida de 14% registada em 2015 – e, avisa a Gartner, o regresso ao crescimento de dois dígitos não vai acontecer.
“O mercado dos smartphones não vai crescer para os níveis que alcançou nos últimos sete anos”, afirmou a analista Roberta Cozza, recordando que as vendas de smartphones tiveram um pico de crescimento em 2010, ano em que subiram 73%.
O abrandamento das vendas não é um fenómeno novo. Primeiro, em muitas regiões do mundo a adopção já chegou aos 90%. São os chamados mercados maduros, como é o caso da América do Norte, da Europa Ocidental, do Japão e de algumas regiões asiáticas.
Naqueles mercados, as vendas cresciam sobretudo nos segmentos de baixa gama e pelo desejo dos consumidores de trocarem de aparelho. Mas os smartphones estão a durar cada vez mais tempo nas mãos de quem os compra. Nos segmentos de preço mais elevado, os utilizadores prolongam agora para dois anos e meio o tempo que passam sem comprar um novo telemóvel – uma tendência que, refere Roberta Cozza, “não vai mudar drasticamente nos próximos cinco anos”.
Adiar a substituição acontece, em parte, porque as funcionalidades dos novos modelos que chegam ao mercado não justificam a compra para muitos consumidores. “As actualizações de tecnologia tornaram-se incrementais, em vez de exponenciais”, explica Cozza. Nos anos recentes, várias marcas têm-se esforçado por introduzir novidades como ecrãs curvos ou sensíveis à pressão, na tentativa de aliciar compradores.
A Gartner dá também conta de que a China, que durante alguns anos foi um dos grandes motores do sector, estagnou. Depois de as vendas terem subido 16% em 2014, não houve aumentos em 2015. “Neste mercado saturado, mas altamente competitivo, espera-se pouca margem para crescimento nos próximos cinco anos”, observa a analista Annette Zimmermann, para quem a Índia é actualmente o país com mais potencial para os fabricantes.
Neste cenário, o mercado mundial continua a ser dominado pela Samsung, que tinha no primeiro trimestre 25% do mercado, de acordo com dados recentes da IDC, outra analista. A Apple tinha 15%, mas foi a que registou uma maior quebra face a 2015. Em terceiro lugar surge a chinesa Huawei, com 8%. Em quarto lugar estão marcas menos conhecidas na Europa e que vivem de vendas regionais: a chinesa Oppo, uma fabricante de electrónica que tem 6% do mercado global, e a operadora brasileira Vivo, com 4%.