Poucos portugueses deverão votar no referendo ao rendimento básico na Suiça
A Suiça torna-se este domingo no primeiro país a votar a criaçãoi de um rendimento mínimo para todos.
Os portugueses com direito de voto na Suíça vão pouco às urnas e o referendo deste domingo sobre o Rendimento Básico Incondicional (RBI) não deverá ser excepção, antecipam dois conselheiros das Comunidades. A Suíça torna-se este domingo no primeiro país a votar a criação de um rendimento mínimo para todos, que substitua os vários benefícios sociais existentes no país.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
Os portugueses com direito de voto na Suíça vão pouco às urnas e o referendo deste domingo sobre o Rendimento Básico Incondicional (RBI) não deverá ser excepção, antecipam dois conselheiros das Comunidades. A Suíça torna-se este domingo no primeiro país a votar a criação de um rendimento mínimo para todos, que substitua os vários benefícios sociais existentes no país.
Porém - e apesar de, segundo estimativas do conselheiro das Comunidades Portuguesas em Zurique, 70% dos “280 e tal mil” imigrantes portugueses registados na Suíça poderem beneficiar do RBI em teoria -, poucos portugueses deverão exercer o seu direito de voto.
“Há muito cidadão” português “que pode votar”, porque tem dupla nacionalidade, mas “não o faz”, lamenta Domingos Pereira.
O conselheiro reconhece que “o sistema de votação na Suíça é bastante complicado” e, por isso, está a promover sessões de esclarecimento. Segundo o site Swissinfo, os cidadãos suíços votam, em média, quatro vezes por ano para se exprimir sobre os temas mais variados, seja a nível federal, cantonal ou comunal (municipal).
Neste domingo, os eleitores vão votar em cinco referendos nacionais, seis referendos regionais e um local. Ora, isso significa “12 boletins de voto num só envelope, com três livrinhos com opiniões” sobre a votação, contabiliza Domingos Pereira. “Quando chega a respectiva carta a casa, automaticamente deitam-na fora. Isso não só acontece com a nossa comunidade, mas com os estrangeiros em geral”, equipara.
A nova geração de imigrantes, mais jovem e qualificada, estaria em condições de participar mais activamente, mas também estes se sujeitam “a todos os tipos de situações”, o que “os leva a caírem por vezes em mãos de patrões menos sérios”, conta, lamentando que, “muitas vezes”, esses patrões tenham nacionalidade portuguesa.
“A Suíça é o segundo país do mundo onde a imigração portuguesa mais tem aumentado”, destaca José Sebastião, conselheiro das Comunidades Portuguesas em Genebra. O fluxo “tem aumentado em flecha”, resume, recordando que a imigração para a Suíça “explodiu” durante a legislatura do Governo anterior. “Não penso que tenha parado, talvez tenha acalmado, mas parado não”, garante, referindo-se ao presente.
De qualquer forma, o aumento de portugueses não tem significado mais envolvimento. “O grande problema é esse”, reconhece o conselheiro. “Tem havido uma progressão no aumento dos portugueses que votam. Infelizmente, estamos muito aquém da participação cívica que devia de ser”, lamenta.
Sobre o resultado da votação, os dois conselheiros não têm dúvidas de que o RBI será rejeitado. Ambos concordam que o actual clima “não é favorável” à adopção do RBI, agravado pelo “medo” de os imigrantes estarem “a invadir a Europa”, nas palavras de Domingos Pereira.
Mas José Sebastião sublinha que o referendo terá, pelo menos, “o mérito de abrir uma discussão sobre outra sociedade”, na Suíça e em toda a Europa.