Pacheco Pereira arrasa projecto europeu e Tratado Orçamental
No Congresso do PS, o historiador e comentador político acusa a União Europeia de ter a tentação de “criminalizar as políticas alternativas”.
Foi uma intervenção arrasadora para a Europa, para o projecto europeu e para a direita europeia. Pacheco Pereira, o convidado especial do PS, subiu este sábado ao palco do Congresso dos socialistas, que decorre na FIL, em Lisboa, para dizer que “sem acabar o Tratado Orçamental, a política da Europa é oficialmente neoliberal”.
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Foi uma intervenção arrasadora para a Europa, para o projecto europeu e para a direita europeia. Pacheco Pereira, o convidado especial do PS, subiu este sábado ao palco do Congresso dos socialistas, que decorre na FIL, em Lisboa, para dizer que “sem acabar o Tratado Orçamental, a política da Europa é oficialmente neoliberal”.
O historiador e comentador político, que partilhou com António Costa o programa televisivo “Quadratura do Círculo”, entende que é necessário rasgar o Tratado Orçamental sob pena de os partidos socialistas e sociais-democratas bem como o projecto europeu tal como o conhecemos desaparecerem. Mas não deixou de lembrar que os socialistas votaram o Tratado Orçamental.
Falando depois de Pedro Silva Pereira e de Ana Drago, no debate sobre “Socialismo democrático: Que futuro?”, Pacheco Pereira considera que a União Europeia tem um “problema de democracia” e tem uma tentação de “criminalização das políticas alternativas” e está impregnada por um discurso que, erradamente, valoriza em primeiro lugar o progresso económico, quando as preocupações de uma verdadeira política social-democrata deve ser o combate às desigualdades sociais. E deteve-se muito nesta questão. O ex-dirigente social-democrata condenou a deriva que a Europa está a trilhar, tentando impor uma “engenharia social”, sustentada no “desequilíbrio profundo das relações laborais” e na “destruição da classe média”. “A engenharia social é uma regressão social”, disse.
Muito aplaudido pelos congressistas socialistas, o comentador político da SIC-Notícias declarou que a “União Europeia criminaliza a política dos socialistas” e considerou que se António Costa tivesse tido um discurso mais crítico relativamente à Europa e ao Tratado Orçamental na campanha das legislativas, talvez pudesse ter vencido as eleições.
Um pouco antes, à chegada ao pavilhão da FIL, onde declarou: “Não participo no Congresso do PS, participo num debate do Congresso”, o social-democrata revelou aos jornalistas que “o PS não ganhou as eleições”, mas o tipo de governação dos anos anteriores foi o “cimento que permitiu” a solução de esquerda. “Este Governo assenta numa maioria de portugueses que recusou a anterior maioria”, sublinhou.
No início da sua intervenção, Pacheco Pereira criticou severamente o modelo das sanções impostas pela União Europeia, declarou que “sempre que falamos hoje de regras europeias, falamos de subjugação dessa política e disse que o tratado foi criado “para criminalizar a política dos socialistas”. Avisou ainda que a mudança - que deseja que aconteça -, será “sempre convulsiva”.
Sobre a política interna, o comentador disse que “a actual direcção do PSD não é social-democracia”. para Pacheco Pereira, a força que PSD e CDS têm advém-lhe do peso da Europa. Já na parte final declarou que “Portugal não vai morrer à fome, mas vai ser um país da periferia”. “Será sempre um país assistido.”