Serralves celebra a Festa da diversidade

Os jardins do museu abrem-se à comunidade para 40 horas de uma das maiores demonstrações da democratização do acesso à cultura em solo nacional.

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Há mais de uma década que é assim. No início de Junho, a paisagem sonora e visual de Serralves transforma-se. Os jardins do museu abrem-se à comunidade para 40 horas de uma das maiores demonstrações da democratização do acesso à cultura em solo nacional. Vale para todos. Para quem gosta de música, para quem gosta de dança, circo moderno, arte contemporânea ou até para quem quer apenas ficar esticado na relva a contar os trevos, enquanto trata de esvaziar o saco do farnel. Como em anos anteriores, há também uma parte da programação orientada para crianças e famílias, que na primeira metade do primeiro dia do Serralves em Festa correspondiam à fatia mais representativa dos visitantes.

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Há mais de uma década que é assim. No início de Junho, a paisagem sonora e visual de Serralves transforma-se. Os jardins do museu abrem-se à comunidade para 40 horas de uma das maiores demonstrações da democratização do acesso à cultura em solo nacional. Vale para todos. Para quem gosta de música, para quem gosta de dança, circo moderno, arte contemporânea ou até para quem quer apenas ficar esticado na relva a contar os trevos, enquanto trata de esvaziar o saco do farnel. Como em anos anteriores, há também uma parte da programação orientada para crianças e famílias, que na primeira metade do primeiro dia do Serralves em Festa correspondiam à fatia mais representativa dos visitantes.

Em torno de um palco ao ar livre juntou-se uma pequena multidão de crianças para ouvir uma das histórias infantis mais conhecidas: a conto da Cinderela. A leitura apresentada pelo Teatro de Marionetas do Porto, revela contornos que se afastam da narrativa original. Há uma bruxa má que “detesta” histórias com finais felizes, um Lobo Mau que se disfarça de GNR e também estão lá os Sete Anões, que são repescados de outro conto para salvar a personagem principal. As reacções variam entre a desconfiança e a satisfação perante a surpresa que o caminho alternativo escolhido para esta nova versão trouxe.  

Esta é a reacção fracturante que se espera de uma programação que, de acordo com a directora geral da Fundação de Serralves, Odete Patrício, por “entre outros objectivos”, pretende também apostar na formação de públicos. Esse processo de formação de públicos diz não estar apenas orientado para os mais novos: “é possível chegar a pessoas com 80 anos”.  A ideia diz ser chegar e captar a atenção de públicos diversificados.

E por alturas do Serralves em Festa o público é diversificado. Esta edição mantém essa característica de cruzar audiências distintas e que encontram motivos diferentes para lá se deslocarem. Mas é com esse propósito que, Odete Patrício, diz fazer sentido continuar a apostar “nesta festa”, que entende ser para todos, “desde os que vêm assistir aos espectáculos até aos que cá vêm para fazer um piquenique”.

À hora de almoço foi essa a opção de muitos, que escolheram o melhor pedaço de relva, de preferência à sombra, para fazer uma pausa para a refeição. Mas houve quem optasse por tirar uns minutos de sono ou apenas descansar na Sala Mármore da Casa Serralves, onde estava a instalação Oxidation Machine. Mas quem optou por essa via, foi-se apercebendo que a experiência sensorial proporcionada por Jonathan Uliel Saldanha, Frédéric Alstadt, Aymeric de Tapol, Diogo Tudela, Gnod e Michael Schmid podia oscilar entre o conforto de um sonho cor-de-rosa e o desconforto de um pesadelo. Durante 40 horas ininterruptas a instalação, descrita como uma “cápsula imersiva”, estará em funcionamento, possibilitando a 120 pessoas pernoitar dentro da mesma.  

À medida que o dia vai avançando o público vai renovando e ajustando-se à programação  espalhada pelos vários pontos dos jardins. Sem grandes apertos e atropelos o fluxo de pessoas é considerado “o esperado” para a organização, que diz “não viver obcecada com os números”. “Cedo para fazer balanços”, Odete Patrício, considera que o caminho de Serralves tem-se construído assente na “qualidade e não na quantidade”.

O tema da edição do 13.º Serralves em Festa, Juntar Mundos, reflecte-se na apresentação dos trabalhos dos cerca de 400 artistas de 15 nacionalidades diferentes. A iniciativa anual, que conta com mais de 250 eventos, termina este domingo à meia-noite.