Clinton consolida críticas a Trump, o candidato “perigosamente incoerente”
O desempenho confiante da ex-secretária de Estado está a ser visto como um possível ponto de viragem numa campanha problemática.
Hillary Clinton consolidou aquele que deverá ser o argumento central de uma campanha contra Donald Trump, caso se confirme a sua provável vitória sobre Bernie Sanders nas primárias democratas. Recorreu às suas credenciais de política veterana, ex-secretária de Estado e ex-primeira dama e atacou não só as propostas polémicas do magnata, mas também o seu carácter e falta de experiência diplomática, caracterizando-o como um homem “perigosamente incoerente” para ser Presidente dos Estados Unidos. A mensagem não é nova, mas Clinton aplicou-a com precisão suficiente para que vários observadores leiam no seu discurso um momento de mudança numa campanha com mais adversidades do que o esperado.
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Hillary Clinton consolidou aquele que deverá ser o argumento central de uma campanha contra Donald Trump, caso se confirme a sua provável vitória sobre Bernie Sanders nas primárias democratas. Recorreu às suas credenciais de política veterana, ex-secretária de Estado e ex-primeira dama e atacou não só as propostas polémicas do magnata, mas também o seu carácter e falta de experiência diplomática, caracterizando-o como um homem “perigosamente incoerente” para ser Presidente dos Estados Unidos. A mensagem não é nova, mas Clinton aplicou-a com precisão suficiente para que vários observadores leiam no seu discurso um momento de mudança numa campanha com mais adversidades do que o esperado.
“As ideias de Donald Trump não são só diferentes, são perigosamente incoerentes”, afirmou em San Diego, na Califórnia, onde espera derrotar definitivamente Sanders nas primárias da próxima terça-feira. “Não são sequer ideias; apenas uma série de protestos bizarros, rixas pessoais e mentiras descaradas”, disse, naquilo que a sua campanha noticiou como um grande discurso sobre política externa, mas que acabou por se tornar num ataque ao carácter do seu provável adversário nas eleições de Novembro. “Não é só que não esteja preparado. Ele é temperamentalmente inadequado para exercer um cargo que exige conhecimento, estabilidade e uma imensa responsabilidade.”
“Ele não deve estar na posse dos códigos nucleares porque é muito fácil imaginá-lo levando-nos para a guerra só porque alguém irritou a sua grande sensibilidade. Não podemos deixar que ele ponha em jogo a América”, acrescentou Clinton — num discurso “patético”, segundo Trump, que na Califórnia insistiu em erguer um muro na fronteira com o México e viu os seus apoiantes atacados por manifestantes que se opõem à sua candidatura. “Imaginem Donald Trump a fazer decisões de vida ou morte em nome dos Estados Unidos. Queremos que ele tome essas decisões? Alguém tão sensível e tão fácil de irar? Queremos o seu dedo sequer próximo do botão? Fazer de Donald Trump o nosso comandante-em-chefe seria um erro histórico.”
Trump respondeu dizendo que Clinton “tem de ir para a prisão” e que a ex-secretária de Estado “já não tem credibilidade". Mas o discurso da ex-secretária de Estado na Califórnia — onde as sondagens dão Sanders no seu encalce — parece ter aplacado algumas críticas no campo democrata, segundo as quais Clinton estaria com dificuldades em encontrar um tom convincente contra o magnata. “O discurso, que foi desempenhado com confiança, vai amansar as reticências dos democratas preocupados com a possibilidade de o seu candidato ser incapaz de singrar num frente-a-frente com um Trump não convencional”, escreve Anthony Zurcher, o correspondente da BBC em San Diego.
“O discurso de Clinton pareceu concebido para atrair eleitores independentes e republicanos moderados, desiludidos e preocupados com a jactância de Trump”, argumenta Zurcher. “Os seus apoiante insistem em dizer que gostam do seu discurso insolente. A aposta de Clinton é a de que o eleitorado americano geral não seja da mesma opinião.