Centenas de desaparecidos em naufrágio perto de Creta

Operação de resgate salvou mais de 300 pessoas. Na Líbia, começaram a dar à costa os corpos dos mortos da semana passada

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Refugiados e imigrantes que chegaram ao Sul de Itália no dia 29 de Maio, numa semana marcada por vários naufrágios GIOVANNI ISOLINO

Centenas de pessoas estão desaparecidas depois de um naufrágio esta sexta-feira, a sul da ilha grega de Creta. A polícia portuária afirmou que 340 passageiros foram resgatados durante uma grande operação de salvamento, mas a Organização Internacional para as Migrações (OIM) refere que o barco, proveniente de África, deveria seguir com pelo menos 700 migrantes a bordo.

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Centenas de pessoas estão desaparecidas depois de um naufrágio esta sexta-feira, a sul da ilha grega de Creta. A polícia portuária afirmou que 340 passageiros foram resgatados durante uma grande operação de salvamento, mas a Organização Internacional para as Migrações (OIM) refere que o barco, proveniente de África, deveria seguir com pelo menos 700 migrantes a bordo.

O naufrágio ocorreu a cerca de 75 milhas náuticas do Sul de Creta, num território que está sob jurisdição egípcia. “As pessoas estão na água, os barcos lançaram bóias de salvação e intervieram para salvar os migrantes”, referiu um porta-voz da polícia portuária, que começou por apontar para um balanço de quatro mortos e 340 sobreviventes.

Não se sabe ao certo quantas pessoas seguiam no barco, nem foi adiantado qualquer número oficial. Para além das estimativas da OIM, a televisão estatal ERT aponta para entre 500 e 700; a guarda costeira grega também não refere qual a proveniência da embarcação, afirmando apenas que “partiu da costa africana”, comentou o porta-voz Nikos Lagkadianos, citado pela Reuters.

A operação de salvamento envolveu dois patrulheiros, dois aviões e um helicóptero. O barco de madeira tinha 25 metros e foi assinalado por uma embarcação que estava de passagem, quando já estava meio afundado. A maioria dos sobreviventes (242) foram levados por um navio de carga para Itália, mas outros seguiram para o Egipto, Turquia e Malta, adiantou a guarda costeira.

Este acidente foi o terceiro numa semana a envolver resgates. Segundo a OIM, desde o início do ano morreram 2443 pessoas, mais 34% do que no ano passado, durante o mesmo período. “Os últimos oitos dias marcam um dos períodos mais mortais até agora da crise dos refugiados, que vai no seu quarto ano”, afirma a organização.

Desde Janeiro que 204 mil migrantes atravessaram o Mediterrâneo – mais do dobro dos 92 mil que chegaram à Europa nos primeiros cinco meses de 2015 (ano em que mais de um milhão fez a viagem), segundo a OIM.

No ano passado, centenas de milhares de refugiados, sobretudo sírios, partiram da Turquia para a Grécia, em pequenos barcos insufláveis sempre superlotados, para dali seguir para o Norte da Europa, atravessando os Balcãs. Mas depois de a UE ter chegado a acordo com a Turquia, para tentar deter o fluxo de pessoas que arriscam a vida no mar Egeu, que os controlos fronteiriços foram reforçados e a rota dos Balcãs encerrada, a 20 de Março.

Agora que o tempo está mais ameno, muitos arriscam atravessar o Mediterrâneo partindo da Líbia para a costa italiana, um percurso mais longo e mais perigoso.

Na sexta-feira foram encontrados em praias líbias pelo menos 104 corpos, informou um responsável do Crescente Vermelho no país. Entre as vítimas estão 40 mulheres e cinco crianças, que deverão ter morrido na quarta-feira, adiantou Mohammed al-Mosrati, porta-voz daquela organização. Os corpos deram à costa perto da cidade de Zuwara, da qual muitos barcos sem segurança partem rumo a Itália (sobretudo Sicília e Lampedusa), apinhados de migrantes.

Guardian refere que os traficantes estão a aproveitar o caos político (há três governos paralelos na Líbia) e a ausência de legislação para expandir as suas actividades para rotas provenientes da África subsariana, com ajuda de milícias locais. E adianta que, segundo dados da UE, o contrabando de pessoas perfaz entre 30% e 50%  do PIB no Noroeste do país.