A irrisão que se mata a si mesma

Crowe e Gosling não ajudam muito, demasiado conscientes da caricatura, também eles em modo clever.

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Crowe e Gosling demasiado conscientes da caricatura

Shane Black foi argumentista de um dos grandes filmes americanos dos anos 90 (o Último Grande Herói de John McTiernan) mas a sua experiência como realizador não parece correr tão bem. Volta a ser o caso num filme onde se pressentem os germes de uma ideia aproximável do “pós-modernismo” do filme de McTiernan, aquela vontade de convocar referências (cinematográficas e para além delas) para as dinamitar em explosões irrisórias – mas uma ideia que não resulta em mais do um filme “espertinho” e demasiado auto-satisfeito na sua revisitação do tema clássico da dupla improvável envolvido numa intriga policial, e na revisitação e duma época cada vez mais “clássica”, os anos 70.

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Shane Black foi argumentista de um dos grandes filmes americanos dos anos 90 (o Último Grande Herói de John McTiernan) mas a sua experiência como realizador não parece correr tão bem. Volta a ser o caso num filme onde se pressentem os germes de uma ideia aproximável do “pós-modernismo” do filme de McTiernan, aquela vontade de convocar referências (cinematográficas e para além delas) para as dinamitar em explosões irrisórias – mas uma ideia que não resulta em mais do um filme “espertinho” e demasiado auto-satisfeito na sua revisitação do tema clássico da dupla improvável envolvido numa intriga policial, e na revisitação e duma época cada vez mais “clássica”, os anos 70.

Crowe e Gosling também não ajudam muito, demasiado conscientes da caricatura, também eles em modo clever. É comparar, por exemplo, com o tão mal amado Vício Intrínseco de Paul Thomas Anderson, bem mais complexo e interessante no trabalho com uma série de elementos partilhados por Black, mas tratados por ele com uma singeleza que rapidamente deixa de ter qualquer coisa digna de se ver.