Riqueza geológica de Angola apontada no mapa com a ajuda de técnicos portugueses

LNEG participa em consórcio ibérico que fará levantamento de um terço do território angolano. Projecto, que termina em 2018, já permitiu detectar "centenas" de novas áreas com potencial para extracção mineira.

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As estimativas apontam para que Angola tenha um potencial de produção de 38 dos 50 minérios mais procurados do mundo REUTERS/Lisi Niesner

O relançamento e dinamização do sector mineiro em Angola está a contar com a colaboração empenhada de quinze técnicos portugueses, o número de especialistas que o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) alocou à elaboração do Plano Nacional de Geologia Angolano, o Planageo. De acordo com o ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queiroz, e quase dois anos antes da conclusão do projecto, já foi possível identificar "centenas" de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente ouro, ferro e cobre.

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O relançamento e dinamização do sector mineiro em Angola está a contar com a colaboração empenhada de quinze técnicos portugueses, o número de especialistas que o Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG) alocou à elaboração do Plano Nacional de Geologia Angolano, o Planageo. De acordo com o ministro da Geologia e Minas de Angola, Francisco Queiroz, e quase dois anos antes da conclusão do projecto, já foi possível identificar "centenas" de novas áreas com potencial para extracção mineira, nomeadamente ouro, ferro e cobre.

O Planageo foi lançado em Maio de 2014 com o objectivo assumido de fazer um levantamento científico do potencial mineral e geológico do vasto pais africano (tem 1,2 milhões de quilómetros quadrados), para com ele atrair investimento internacional para o sector. As estimativas apontam para que Angola tenha um potencial de produção de 38 dos 50 minérios mais procurados do mundo.

O projecto está avaliado em 358 milhões de euros e está a ser levado a cabo por três consórcios internacionais. O LNEG faz parte de um consórcio ibérico (apresentou-se a concurso com o organismo homólogo espanhol, o IGME-Instituto geológico e Mineiro de Espanha) a quem foi entregue todo o trabalho referente à zona sul do país, em cerca de um terço do seu território.

Em declarações ao PÚBLICO, a presidente do LNEG, Teresa Ponce de Leão, sublinha a importância que tem este projecto na afirmação da qualidade científico dos técnicos portugueses, que estão sobretudo a assegurar tarefas de coordenação e supervisão num projecto que envolve “especialistas seniores, especialmente geólogos, recrutados no mercado internacional”, mas também geólogos juniores “recrutados fundamentalmente em Angola, em universidades e outros centros de formação, que estão a fazer o trabalho de campo sistemático”.

“É a primeira vez que o LNEG assume um projecto internacional desta dimensão, tendo competido directamente com sete consórcios de dimensão mundial. Valeu o reconhecimento de que o LNEG tem conhecimentos, competência científica e técnica e, também muito importante, conhecimento do território e da sociedade angolanas”, argumenta. Para além do consórcio ibérico, os restantes trabalhos foram adjudicados a instituições brasileiras e chinesas.

Dois anos de trabalho

O caderno de encargos adjudicado ao consórcio ibérico inclui a realização, para os quadrantes sudoeste e sul do quadrante sudeste, de vários trabalhos aéreos que permitiram identificar zonas de potencial interesse geológico, para serem confirmadas depois com análises em terra. A ideia é elaborar as cartografias geológica, geoquímica e hidrogeológica, bem como proceder à Investigação e cartografia de recursos minerais metálicos e de recursos minerais para a construção civil.

Para além da experiência que é trabalhar em solo com tão elevado potencial geológico e mineiro, e do interesse científico que tal facto acarreta, a presidente do LNEG sublinha o carácter marcadamente institucional desta parceria ibérica “que envolve países bem colocados, dada a grande proximidade, ou mesmo identidade, cultural e linguística com Angola, a que se poderá acrescentar a importância estratégica das respectivas políticas externas de ambos os países”.

De acordo com o LNEG, o consórcio já tem disponível toda a cartografia preliminar e tem toda a logística preparada para os trabalhos de campo. Citado pela Lusa, o ministro da Geologia e Minas de Angola afirmou que todos os dados já processados e interpretados apontam para “resultados que podem constituir novidades científicas e informação importante do ponto de vista económico". Francisco Queiroz disse que apesar de este levantamento apontar para conclusões ainda provisórias, "salta à vista a identificação de 763 alvos", dos quais 138 foram classificados como "prioritários" para prospecção.

O Planageo envolve, ainda, a construção de dois laboratórios regionais, no Lubango, província da Huíla, no sul do país, e em Saurimo, província da Lunda Sul, no interior norte de Angola, para tratamento e análise de amostras no âmbito deste levantamento do potencial mineiro angolano. Prevê ainda um laboratório geoquímico central em Luanda. Tem prazo de conclusão apontado para 2017. Mas a finalização dos trabalhos do LNEG no terreno estão apontados para o ano seguinte.