Não é a tecnologia, é o que Pantha Du Prince faz com ela

A dimensão intimista sobrepõe-se a qualquer anseio de celebração tecnológica.

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A dimensão intimista sobrepõe-se à celebração tecnológica

O alemão Hendrik Weber, ou seja Pantha Du Prince, é daqueles estetas das electrónicas de dança que prefere ir operando pequenas alterações do que optar pela grande revolução.  Percebe-se a opção. É que no sobrelotado espaço das sons house ou tecno ele foi um dos que foi criando uma sonoridade particular através de uma electrónica angular, atmosférica, falsamente glacial, num edifício dendo e envolvente.

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O alemão Hendrik Weber, ou seja Pantha Du Prince, é daqueles estetas das electrónicas de dança que prefere ir operando pequenas alterações do que optar pela grande revolução.  Percebe-se a opção. É que no sobrelotado espaço das sons house ou tecno ele foi um dos que foi criando uma sonoridade particular através de uma electrónica angular, atmosférica, falsamente glacial, num edifício dendo e envolvente.

Um outro músico e produtor com novo álbum também agora lançado (o sueco The Field) faz o mesmo. A cada novo álbum vai introduzindo pequenas alterações, mas a estrutura da sua música nunca se dissipa. Ouvir os álbuns quer de um quer do outro, é como regressar a uma casa a quem conhecemos os cantos, mas com alterações ao nível do interior.

O último projecto de Hendrik Weber – o álbum Elements Of Light de 2013 gravado como Pantha Du Prince & The Bell Laboratory – era a esse nível até a sua proposta mais diferenciadora, reflectindo a paixão pelo som dos sinos, numa mistura de dinâmicas que tanto o aproximava do tecno, como do minimalismo ou do jazz.

No novo aproveita elementos dessa experiência, voltando a colaborar com Bendik Kjeldsberg (do Bell Laboratory), embora este seja um registo mais simples e emocional, reciclando elementos e sons acústicos que mais parecem recriados por uma banda do que por um tipo com portátil.

A maior parte dos temas são instrumentais, com excepções onde a voz é puxada para destaque (The winter hymn, Islands in the sky, In a open space), aproximando-se de estruturas quase de canção pop. A maior parte dos temas mais do que indutores de dança, criam um universo cinemático, não sendo por acaso que Lion’s love – com ajuda do francês Joakim – foi inspirada no filme Amor de Leões (1969) de Agnés Varda, ao mesmo tempo que Frau im mond, sterne laufen, alude ao cinema de Fritz Lang.

É mais um bom álbum de sugestões sintéticas e acústicas, com cadências digitais repetitivas, onde a dimensão intimista se sobrepõe a qualquer anseio de celebração tecnológica. É como se Hendrik Weber quisesse mostrar que apesar de vivermos um momento onde existe uma crença quase cega na tecnologia, é ainda e sempre nas relações humanas que devemos confiar.