O colectivo de Arquitectura "Há Baixa" já arregaçou as mangas

O projecto tem como mote "experimentar e praticar, ajudando". O colectivo é composto por estudantes de arquitectura e design e multimédia da Universidade de Coimbra

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O colectivo Há Baixa (HAB), composto por estudantes de arquitectura e design e multimédia da Universidade de Coimbra, vai avançar com pequenas intervenções de reabilitação em habitações e espaços comerciais na Baixa da cidade.

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O colectivo Há Baixa (HAB), composto por estudantes de arquitectura e design e multimédia da Universidade de Coimbra, vai avançar com pequenas intervenções de reabilitação em habitações e espaços comerciais na Baixa da cidade.

A necessidade de um grupo inicial de nove estudantes de arquitectura entrar em contacto com a prática e de dinamizar uma "zona esquecida" da cidade está na origem deste projecto que depois de um ano desde a sua criação arregaça as mangas para intervir em três espaços comerciais no Largo do Romal e uma habitação na Rua da Louça, na Baixa de Coimbra.

Com a ajuda de dois docentes da Universidade de Coimbra, o projecto tem como mote "experimentar e praticar, ajudando", ao mesmo tempo que pretende promover uma aproximação da universidade à cidade e fomentar dinâmicas locais, disse à agência Lusa um dos membros do HAB, João Peralta.

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"Hoje em dia, vai-se à Baixa e é um sítio abandonado. Nós, jovens, temos de tentar puxar pela Baixa e pelas suas pessoas e acreditamos que podemos fazer alguma coisa por ela", sublinhou. A primeira intervenção arranca a 1 de Julho e, durante uma espécie de "maratona" de 15 dias, os alunos do colectivo, com a ajuda de técnicos e com materiais cedidos por empresas, vão tentar revitalizar os quatro espaços escolhidos. Segundo João Peralta, a escolha do Largo do Romal como primeiro caso deve-se ao facto de esta zona da Baixa passar "completamente despercebida", tendo conseguido o aval dos três espaços comerciais que ali "resistem".

Durante a iniciativa, os estudantes de arquitectura e design e multimédia vão tentar dar uma imagem "limpa, cuidada e actualizada" a uma tasca, uma reprografia e papelaria e um ateliê de costura. Na tasca, com mais de 20 anos, vai-se procurar tornar o espaço "menos caótico", no ateliê uma mesa móvel e armários vão ajudar a organizar o estabelecimento e na papelaria vai-se rodar o balcão para a rua e forrar as paredes, entre outras intervenções, explanou.

Já na habitação da Rua da Louça, os estudantes vão intervir na casa de um homem de 60 anos, que vive com a sua mãe de 90, onde não tem duche nem lavatório. Ali, os estudantes pretendem recuperar a cozinha e separá-la da casa de banho, que vão equipar com duche, lavatório, sanita e um esquentador, referiu João Peralta. O grupo vai também desenhar e construir um palco para o Largo do Romal, que será utilizado de 25 de Junho a 16 de Julho, para concertos e iniciativas, nomeadamente o Sons da Cidade.

De acordo com o membro do colectivo, o HAB pretende também avançar com "um consultório de arquitectura", para garantir uma "presença mais permanente na Baixa", bem como estender a iniciativa a alunos de outras áreas de ensino, como acção social, gerontologia ou medicina. "A Baixa, há 20 ou 30 anos, era linda", salientou, contando que o projecto quer ser um instrumento de mudança para uma zona que foi sendo votada ao esquecimento. Hoje, o colectivo dinamiza um colóquio no Salão Brazil, intitulado "Reflexões para a cidade - A questão da Baixa de Coimbra", que conta com a apresentação do projecto, visita dos espaços que serão reabilitados e ainda intervenções de iniciativas semelhantes, como Terra Amada, Rés-do-Chão e El Casc, que inspiraram a criação do grupo de Coimbra.