Marcelo garante estabilidade, pelo menos até às autárquicas
Presidente vai à Alemanha pedir que Portugal não seja punido pelo défice e garantir estabilidade política. Pelo menos para já: “Depois das autárquicas, veremos o que se passa.”
Marcelo Rebelo de Sousa já marcou no calendário o momento em que reavaliará a situação política do país: no Outono de 2017, após as eleições autárquicas. Até lá, vai continuar a garantir estabilidade política em Portugal, dentro e fora do país.
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Marcelo Rebelo de Sousa já marcou no calendário o momento em que reavaliará a situação política do país: no Outono de 2017, após as eleições autárquicas. Até lá, vai continuar a garantir estabilidade política em Portugal, dentro e fora do país.
Questionado esta terça-feira sobre o aparente arrefecimento das relações com o Governo, o Presidente da República colocou travões no curto prazo, mas abriu a porta para o futuro: “Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas. Depois das autárquicas, veremos o que se passa, mas o ideal para Portugal é que o Governo dure e tenha sucesso”.
Falando à margem de uma visita ao Exército no Comando das Forças Terrestres da Amadora, Marcelo Rebelo de Sousa repetiu que em breve dirá o que pensa sobre a evolução económica e financeira, assim que forem conhecidos os dados da execução orçamental de Maio, o que deverá acontecer amanhã.
Mas deixou claro que, sejam quais forem os números, não será por isso que vai mudar a sua posição neste momento: “O Governo existe para durar uma legislatura. Há claramente um ciclo político marcado pelas autárquicas e estar a especular sobre a instabilidade política nesse ciclo não faz o mínimo sentido”, afirmou.
Para o Presidente, as "especulações" em torno das suas relações com o Governo têm origem definida: "Faz parte da lógica de muitos analistas e das oposições o acharem que é bom de vez em quando haver especulação sobre as relações entre o Governo e o Presidente da República. Mas eu disse desde o discurso de posse: não é preciso haver instabilidade, nós precisamos de estabilidade política, económica e social".
Marcelo fez então a apologia do valor da estabilidade: “Nós precisamos de estabilidade para haver investimento e formação bruta de capital fixo, aquilo que faz crescer a economia. Só há essa estabilidade se houver estabilidade política. O Presidente da República não vai contribuir para a instabilidade política”, insistiu.
É esta a mensagem que vai levar à chanceler Merkel, com quem se vai reunir em Berlim no fim de semana: “A Europa pode contar, do Presidente da República portuguesa, a estabilidade política e governativa.”
E mais uma: o pedido para que Portugal não sofra sanções pelo não cumprimento do Tratado Orçamental: “Espero que a Europa perceba o esforço que os portugueses fizeram nos últimos anos, os sacrifícios que fizeram, espero que a Europa não puna os portugueses pelo défice do ano passado”.
Encontro marcado para a República Centro-Africana
No âmbito desta visita ao Exército, Marcelo contactou com a companhia dos Comandos que está a ser preparada para intervir, sob a égide da ONU, na República Centro-Africana e anunciou que os irá visitar quando estiverem no teatro de operações. "Tenciona o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas ir em tempo oportuno à República Centro Africana para poder estar convosco e partilhar o sucesso da vossa missão", afirmou, adiantando que a visita decorrerá "até ao final do ano".
Ao som de "O melhor de mim", de Mariza, a força de reacção rápida, com 149 militares (cinco mulheres) e cerca de 30 viaturas de combate, apresentou-se ao Presidente da República na parada Marechal Carmona, a mesma onde, durante a guerra colonial, se agrupavam tropas antes de ir para África.
Na sua intervenção, o Presidente afirmou que "a Europa está intimamente ligada a África" e que "o que se passa no centro de África e no norte de África determina migrações económicas, sociais, refugiados, toda a geopolítica do continente europeu". Acrescentou que a missão das Nações Unidas MINUSCA "é fundamental para o continente africano, mas também para o europeu e para Portugal", e afirmou acreditar no sucesso da missão dos comandos. Mas alertou: "Não há missão sem riscos".
Aos jornalistas, Marcelo adiantou depois que vai reunir em Julho o Conselho Superior de Defesa Nacional para "continuar a analisar a perspectiva de missões que estão pendentes", uma vez que Portugal "vai estar ainda mais envolvido em missões internacionais".
O ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, o secretário de Estado Marcos Perestrello, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro e o novo Chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte, acompanharam Marcelo Rebelo de Sousa nesta sua primeira visita ao Exército.