Há menos gente a morrer na travessia do Mediterrâneo
Desde o início do ano morreram 1370 pessoas que tentavam chegar por mar à Europa; em 2015 tinham sido 1792.
A Organização Internacional das Migrações (OIM) congratulou-se esta terça-feira com “a diminuição considerável” do número de mortes no Mediterrâneo nos primeiros meses de 2016. Desde o início do ano morreram 1370 pessoas que tentavam chegar por mar à Europa e até 21 de Maio chegaram à Itália, Grécia, Chipre e Espanha 191.134 pessoas.
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A Organização Internacional das Migrações (OIM) congratulou-se esta terça-feira com “a diminuição considerável” do número de mortes no Mediterrâneo nos primeiros meses de 2016. Desde o início do ano morreram 1370 pessoas que tentavam chegar por mar à Europa e até 21 de Maio chegaram à Itália, Grécia, Chipre e Espanha 191.134 pessoas.
O acordo negociado pela União Europeia que prevê que todos os refugiados ou imigrantes que chegados à Grécia sejam reenviados para a Turquia deixou quase suspensa esta rota, enquanto a guarda-costeira líbia tem detido milhares de pessoas que tentavam atravessar o Mediterrâneo, ao mesmo tempo que as embarcações europeias envolvidas na operação de combate Sophia aos traficantes têm resgatado outras tantas.
“Agora que a rota Turquia-Grécia parece suspensa, esperamos que este seja o início de uma gestão mais sensata” da situação, disse numa conferência de imprensa em Genebra o porta-voz da OIM, Joel Millman.
Os receios de que o acordo com a Turquia provoque um aumento das chegadas por outras rotas ainda existem – segundo a polícia europeia, a Europol, há 800 mil pessoas na Líbia à espera de viajar por mar para a Europa. Para o tentar evitar a UE vai começar a treinar a guarda-costeira líbia e a partilhar informação com a Marinha do país, a pedido do novo Governo. A NATO também planeia alargar a sua presença no Mediterrâneo e oferecer as suas competências para “construir instituições” na Líbia.
O executivo líbio de unidade nacional, formado em Abril com o apoio da ONU e liderado por Faiez al-Sarraj, diz querer trabalhar com as autoridades europeias mas controla muito pouco território fora da capital, Trípoli. Por causa da violência na Líbia a lei internacional proíbe os europeus de mandarem de volta para o país os barcos que interceptam, também por isso Bruxelas prefere que sejam os líbios os principais responsáveis por estas operações.
“A guarda-costeira líbia é a base a partir da qual temos de construir a segurança das águas costeiras da Líbia… O que nós podemos fazer é fornecer treino e equipamento”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, Phillip Hammond, na reunião em Bruxelas onde os Estados membros concordaram em alargar as tarefas da missão Sophia e a prolongaram por um ano.
Nos últimos dias, a guarda-costeira da Líbia deteve 1400 pessoas: esta terça-feira, foram interceptados quatro barcos pneumáticos com 550 pessoas a bordo, “originárias de diferentes países africanos”; domingo, mais de 850 pessoas que viajavam em sete embarcações foram detidas. E entre segunda e terça-feira, vários navios da UE resgataram 2725 pessoas numa série de operações ao largo da Líbia.
O acesso da OIM à Líbia aumentou nas últimas semanas, e a organização intergovernamental já está a organizar voos para repatriar pessoas vindas da África Subsariana que aceitaram uma “bolsa de reintegração”.
“Todos estes desenvolvimentos são importantes e indicam que é possível, e quero sublinhar o possível, que o período de enorme letalidade que vivíamos desde 2013 possa estar a chegar ao fim, pelo menos por agora”, afirmou Millman. “Talvez tenhamos um Verão mais seguro do que aquele que antecipávamos há algumas semanas.”
Entre dia 1 e dia 21 de Maio, morreram afogadas no Mediterrâneo 13 pessoas. O ano passado, nos mesmos dias, tinham morrido 95, enquanto em 2014 foram 330.