Colégios, desemprego e 35 horas. O novo fôlego de Passos Coelho
O líder do PSD disparou críticas em todos os dossiês quentes do Governo. Os números do emprego deram-lhe argumentos, os colégios, a causa.
Nas últimas duas semanas, Passos Coelho tem andado mais activo nas críticas ao Governo. E se começou por concentrar os tiros em dois assuntos –revisão dos contratos de associação e números da economia –, hoje, o líder do PSD juntou mais dois temas aos ataques: o regresso às 35 horas de trabalho na função pública e ainda a reversão da fusão do sector das águas, tudo porque diz não perceber algumas decisões que podem pôr em causa a sustentabilidade financeira.
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Nas últimas duas semanas, Passos Coelho tem andado mais activo nas críticas ao Governo. E se começou por concentrar os tiros em dois assuntos –revisão dos contratos de associação e números da economia –, hoje, o líder do PSD juntou mais dois temas aos ataques: o regresso às 35 horas de trabalho na função pública e ainda a reversão da fusão do sector das águas, tudo porque diz não perceber algumas decisões que podem pôr em causa a sustentabilidade financeira.
Passos Coelho aponta a Costa a indefinição e a falta de estudos que sustentem algumas das decisões mais emblemáticas. Num dia decidado às Jornadas sobre a Valorização do Território, em Vila Real, o social-democrata deu dois exemplos de medidas que o executivo não esclarece ou cuja concretização é confusa. No caso das 35 horas, Passos acusou o Governo de ter duas sentenças sobre o assunto: "Era importante saber se realmente o Governo tem uma posição sobre essa matéria, porque ouvimos o ministro das Finanças ou o primeiro-ministro e não concluímos a mesma coisa daquilo que eles dizem", sublinhou. E acrescentou: "Portanto, aquilo que se exigiria nesta altura era que o Estado tivesse um discurso que fosse coerente e que se percebesse".
Caso semelhante é o da revisão dos contratos de associação. Passos Coelho tomou a crítica a esta medida como uma bandeira sua e, agora, depois de conhecida a lista dos colégios particulares e cooperativos que vão deixar de ter turmas financiadas pelo Estado, apontou ao Governo a confusão entre a decisão e as palavras do primeiro-ministro, acusando-o de um recuo perante as manifestações. "O primeiro-ministro, em face dos protestos, já veio dizer que cada caso será um caso e que tudo será estudado, mas entretanto já foi tomada a decisão de dizer quais são as escolas que não vão ter esses contratos (...) Das duas uma: ou o primeiro-ministro está a falar para fazer de conta que já não está tudo decidido ou não está tudo decidido realmente e cada caso agora será estudado e não se percebe porque é que agora foi publicada a lista".
Além das questões de política, o que o divide Passos de Costa são também os números. O líder do PSD quer ver estudos sobre os contratos de associação – “nada disto foi estudado”, acusou –, e alertou também para o problema que pode surgir com a reposição do horário de 35 horas por semana na função pública. “É possível que estas medidas vão complicar as contas públicas porque o problema do país é de médio e longo prazo, é um problema de sustentabilidade das finanças públicas”.
Em termos financeiros, também o separa do actual Governo a reversão do processo de fusão do sector das águas. A medida foi lançada pelo seu Executivo e foi um das que caiu aos pés da esquerda. Mais do que uma questão de política, Passos argumentou que o que está em causa é a sustentabilidade do grupo Águas de Portugal. "A reversão deste processo de reforma tornará mais difícil que no conjunto do país, a empresa Águas de Portugal tenha a devida sustentabilidade financeira". Na óptica de Passos, esta decisão pode também comprometer investimentos futuros e com isso encarecer o preço da água para as populações do interior.
Tudo somado, nas contas do social-democrata, há só uma conclusão a que os partidos que apoiam o Governo têm de chegar: "Temos hoje a certeza de que por melhor que as coisas corram não conseguiremos ver a economia portuguesa crescer tanto como o ano passado”. Prova disso, referiu, são os números do emprego. Não é a primeira vez que Passos se refere a estes dados. Deram-lhe, aliás, fôlego para no último quinzenal fazer pontaria a Costa, voltando a insistir que "só no último trimestre, perderam-se 48 mil postos de trabalho". Com Lusa