Feira do Livro de Lisboa com mais pavilhões e novos visitantes - os editores estrangeiros

Regresso do Brasil mesmo em plena crise política e um número recorde de pavilhões marcam edição de 2016, que começa já quinta-feira. Grupo de agentes literários internacionais visita a feira.

Fotogaleria

A Feira do Livro de Lisboa “é uma feira popular, para os leitores”, diz João Amaral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), mas isso não a impede de querer tentar outra abordagem em 2016 – aproximar-se, tentativamente, às feiras do livro de negócios de Frankfurt ou Londres trazendo editores e agentes literários estrangeiros a visitar a feira que começa na quinta-feira. O regresso do Brasil em plena comoção política e ministerial, o cinema a homenagear Vergílio Ferreira e um número recorde de 277 pavilhões são algumas das novidades da 86.ª Feira do Livro de Lisboa.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A Feira do Livro de Lisboa “é uma feira popular, para os leitores”, diz João Amaral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), mas isso não a impede de querer tentar outra abordagem em 2016 – aproximar-se, tentativamente, às feiras do livro de negócios de Frankfurt ou Londres trazendo editores e agentes literários estrangeiros a visitar a feira que começa na quinta-feira. O regresso do Brasil em plena comoção política e ministerial, o cinema a homenagear Vergílio Ferreira e um número recorde de 277 pavilhões são algumas das novidades da 86.ª Feira do Livro de Lisboa.

É uma experiência, que traz um pequeno grupo de editores ingleses e alemães com o apoio da AICEP - Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal em prospecção ou com intenção de negócio ao expositor do mercado livreiro e editorial português que é a Feira do Livro, explicou João Amaral. No Parque Eduardo VII e com os habituais desejos de bom tempo para bafejar a feira, a conferência de imprensa de apresentação do evento, que decorre de 26 de Maio a 13 de Junho na sua casa habitual, terminou com o anúncio desta tentativa de aumentar o potencial de negócio para as editoras presentes para além das vendas. Que, como estimou cautelosamente Bruno Pacheco, secretário-geral da APEL, serão em média de 3 a 4 milhões de euros por edição, com 10 a 15 mil euros em média de receita por pavilhão. A compra de direitos e a ampliação da representação dos autores portugueses pode aumentar esse potencial, argumenta João Amaral, que destacou ainda a possibilidade de a feira “poder ser um instrumento de internacionalização da língua e da edição portuguesas”.

No campo internacional, o responsável da APEL destacou ainda o regresso do Pavilhão do Brasil que, uma pequena representação comissariada pelo Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores do Brasil) e pela Embaixada do Brasil em Portugal e que foi “condicionada” pela instabilidade política no país. Há seis anos que o país não estava presente na Feira. 

Em Lisboa, o número de participantes mantém-se estável nos 123 – embora dez deles sejam novos nomes – em relação à edição de 2015, mas a feira atinge este ano um número recorde de pavilhões, com 277 espaços (em 2015 foram 271). Para ajudar a guiar os visitantes, que se espera que rondem o meio milhão que tem sido a marca dos últimos anos (à excepção da quebra de 2015), a Feira do Livro tem agora uma app que colige toda a programação, mapas e lista de livros do dia, além de estar também na rede social instantânea Snapchat.

A 86.ª Feira do Livro de Lisboa tem, como descreveu o director da feira, Pedro Pereira da Silva, “uma programação de continuidade” em relação aos últimos anos e o programa Acampar com Histórias, que terá este ano a sua segunda edição, já esgotou. Oito noites de dormidas, contadores de histórias e ilustradores na Estufa Fria para crianças de 8 aos 10 anos que, por dez euros por inscrição, já voaram este ano e que no futuro serão repensadas para acolher mais miúdos, diz Pereira da Silva. Ter mais visitantes é o objectivo da APEL e dos editores, que “têm aumentado o número de iniciativas”, sublinha o director técnico do evento, e entre paradas, sessões de autógrafos, debates em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos  e uma aposta crescente na zona de refeições e no show cooking (demonstrações de cozinha), este ano haverá cinema e mais Hora H. Ou seja, Vergílio Ferreira e descontos.

Numa nova parceria com a Cinemateca Portuguesa, no ano do centenário do nascimento do autor de Aparição será exibido Manhã Submersa (3 de Junho, às 21h), precedido de uma conversa com o realizador Lauro António e com a escritora Lídia Jorge. E de segunda a quinta das semanas em que se realiza a feira, regressa a Hora H, criada com o “objectivo de atrair público durante a semana”, admite Pedro Pereira da Silva, e que este ano tem 80% dos editores a fazer descontos de 50% ou mais em obras com mais de 18 meses das 22h às 23h. “Há um aumento do número de visitantes a essa hora”, constatou a organização, sendo que, durante a totalidade dos dias há uma média de 25 mil pessoas na Feira, com dias de pico em que chegam a passar pelo Parque Eduardo VII cerca de 75 mil pessoas.

O orçamento da 86.ª edição é de 800 mil euros, dos quais 108 mil euros são a participação da patrocinadora institucional Câmara Municipal de Lisboa.

 

Notícia corrigida às 11h55 de 24 de Maio: o presidente da APEL é João Amaral e não João Alvim, como estava erradamente identificado