E agora Mahler, diz Alain Platel (e dirão os Dias da Dança em 2017)

A nova criação do coreógrafo belga será um dos destaques internacionais da segunda edição do festival, de 29 de Abril a 3 de Maio do próximo ano. Maguy Marin e Yoann Bourgeois também virão ao DDD.

Foto
As Lieder do compositor austríaco Gustav Mahler, um dos monstros da cultura europeia do século XX, serão o ponto de partida da peça Moritz Nähr

Há muito tempo (várias décadas) que Alain Platel, uma das mais seminais figuras da dança contemporânea europeia, está numa relação com a música erudita. É uma filiação que vem desde os tempos em que montou – no apartamento onde vivia – a sua primeira peça, Stabat Mater, a partir do compositor italiano Domenico Scarlatti, nascido aliás no mesmo ano que dois gigantes do barroco, Bach e Händel. Desde então, pôs a companhia que fundou em 1984, os Ballets C de la B, a dançar com Purcell (La Tristeza Complice, 1995), Bach (Iets op Bach, 1998; pitié!, 2008; tauerbach, 2013), Mozart (Wolf, 2003), Monteverdi (VSPRS, 2006), Verdi e Wagner (C(h)oeurs, 2012). Não era um trajecto que fizesse prever o que se segue: a convite da Ruhrtriennale, o coreógrafo belga vai atirar-se a um monstro sagrado da cultura europeia do século XX, o compositor austríaco Gustav Mahler, numa peça com direcção musical de Steven Prengels, seu habitual colaborador nos C de la B, e cenografia de Berlinde De Bruyckere.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

Há muito tempo (várias décadas) que Alain Platel, uma das mais seminais figuras da dança contemporânea europeia, está numa relação com a música erudita. É uma filiação que vem desde os tempos em que montou – no apartamento onde vivia – a sua primeira peça, Stabat Mater, a partir do compositor italiano Domenico Scarlatti, nascido aliás no mesmo ano que dois gigantes do barroco, Bach e Händel. Desde então, pôs a companhia que fundou em 1984, os Ballets C de la B, a dançar com Purcell (La Tristeza Complice, 1995), Bach (Iets op Bach, 1998; pitié!, 2008; tauerbach, 2013), Mozart (Wolf, 2003), Monteverdi (VSPRS, 2006), Verdi e Wagner (C(h)oeurs, 2012). Não era um trajecto que fizesse prever o que se segue: a convite da Ruhrtriennale, o coreógrafo belga vai atirar-se a um monstro sagrado da cultura europeia do século XX, o compositor austríaco Gustav Mahler, numa peça com direcção musical de Steven Prengels, seu habitual colaborador nos C de la B, e cenografia de Berlinde De Bruyckere.

Mahler Project (título provisório) regressa à década e meia que precedeu a Primeira Guerra Mundial – para muitos historiadores uma antecâmara do século XX, que só terá verdadeiramente começado depois de enterrados os impérios russo, otomano e austro-húngaro – para a reler à luz do ensaio The Vertigo Years, 1900-1914, de Philipp Blom, considerando a possibilidade de estarmos a reviver, um século depois, um período igualmente tumultuoso (e, wishful thinking, de um fulgor artístico sem precedentes históricos). Prengels, avança o site da trienal alemã, trabalhará uma banda-sonora que cruzará o universo das Lieder de Mahler com samples de sons da natureza e do quotidiano – e que também incorporará, num salto que se pode dizer quântico, a tradição polifónica a que darão corpo em palco os cantores congoleses Boule Mpanya e Russell Tshiebua, com que Platel se cruzou em Coup Fatal.

No Ruhr, o “projecto Mahler” de Alain Platel estreia-se a 1 de Setembro. A Portugal chegará cerca de meio ano depois, para integrar a segunda edição do festival DDD – Dias da Dança, que decorre de 28 de Abril a 13 de Maio entre Porto, Gaia e Matosinhos. Menos de um mês após o fim da edição inaugural que trouxe ao Rivoli Ambra Senatore e Raimund Hoghe, já há mais dois espectáculos anunciados, além do Mahler de Platel, para pôr na agenda de 2017: BiT, de Maguy Marin, e Celui qui Tombe, de Yoann Bourgeois.