Falam as misérias

A vida é um tempo e uma oportunidade. Só que o tempo nunca é oportuno e a oportunidade nunca é, como dantes se dizia, atempada.

Estou muito pouco disposto para as misérias. As misérias vêm ter connosco. Não precisam do nosso reconhecimento. São as misérias que nos conhecem. Nós até podemos não conhecê-las de lado nenhum. Elas até preferem assim. Quanto mais surpreendidos ficamos, mais nos doem. E doer é bom para as misérias que nos visitam, tentando que as aceitemos, para se tornarem permanentes.

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Estou muito pouco disposto para as misérias. As misérias vêm ter connosco. Não precisam do nosso reconhecimento. São as misérias que nos conhecem. Nós até podemos não conhecê-las de lado nenhum. Elas até preferem assim. Quanto mais surpreendidos ficamos, mais nos doem. E doer é bom para as misérias que nos visitam, tentando que as aceitemos, para se tornarem permanentes.

Toda a vida e todo o comércio e intercâmbio humano conspiram para sermos sempre as mesmas pessoas e reagirmos sempre das mesmas maneiras. Comprando, aceitando, fazendo likes, conformando e colaborando, apesar da réstea de nós que tem vergonha (para não dizer medo) do que fazemos para concordar com a falsa e estupidamente imposta concórdia do mundo.

As misérias são constantes civilizacionais que aliterativamente nos constrangem a aceitar "o doce e o amargo" para tentar desviarmo-nos do descobrimento banal que a vida é muito mais azeda ou saborosa do que feliz e infeliz ou azarada ou sortuda.

A vida é um tempo e uma oportunidade. Só que o tempo nunca é oportuno e a oportunidade nunca é, como dantes se dizia, atempada.

Vemos e sentimos tantas dores e tantos sacrifícios na maneira como vivemos que a melhor palavra que há para nos descrevermos é esta: somos evitadores.

Evitamos a vida - e o que a vida custa - pensando muito estupidamente (mas com toda a alma que temos e partilhamos), que é assim que evitamos (ou adiamos) a única coisa mais certa do que a vida: a morte.