Empresários vendiam álcool ilegal que seguranças armados levavam a todo o país
Megaoperação da GNR desmantelou fraude fiscal que duraria há cinco anos e que terá resultado num prejuízo para o Estado de 1,2 milhões de euros. Falsificavam licores e aguardente velha, com corantes.
Durante cinco anos, quatro empresários do sector vinícola, de Lisboa e Santarém, conseguiram levar a cabo um esquema de venda de álcool ilegal que terá lesado o Estado em mais de 1,2 milhões de euros em fuga aos impostos, apurou o PÚBLICO. Possuidores de infra-estruturas com equipamento de produção de álcool e de uma base de operações, os suspeitos escoavam o produto para comerciantes de todo o país.
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Durante cinco anos, quatro empresários do sector vinícola, de Lisboa e Santarém, conseguiram levar a cabo um esquema de venda de álcool ilegal que terá lesado o Estado em mais de 1,2 milhões de euros em fuga aos impostos, apurou o PÚBLICO. Possuidores de infra-estruturas com equipamento de produção de álcool e de uma base de operações, os suspeitos escoavam o produto para comerciantes de todo o país.
O álcool era transportado em carrinhas escoltadas por seguranças armados com caçadeiras, miras telescópicas e silenciadores. Além de garantirem a segurança do transporte, estes elementos armados serviam ainda de batedores. Seguiam muitas vezes à frente das carrinhas para detectarem a eventual presença de polícia na estrada. O grupo foi desmantelado esta quarta-feira pelo Destacamento da Acção Fiscal da GNR de Lisboa durante a operação Old Brandy que abrangeu Lisboa, Setúbal, Santarém, Beja e Aveiro.
Os quatro empresários contavam com a colaboração de seis empresas do sector vinícola, através das quais produziam e escoavam o álcool ilegal. O álcool era transportado em garrafas e garrafões sem rótulos. Já nos estabelecimentos, os comerciantes enchiam as garrafas dos produtos originais com o álcool contrafeito, referiu ao PÚBLICO o tenente-coronel Paulo Messias, da Unidade de Acção Fiscal da GNR. Os investigadores detectaram vários casos em que os suspeitos falsificaram licores e aguardente velha. A aguardente era, afinal, nova e tinha corantes para parecer velha.
Nesta acção, além dos quatro empresários, foram ainda detidos três seguranças. Mas apenas os empresários serão presentes ao Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa, esta quinta-feira. Os restantes são arguidos num inquérito-crime autónomo. Só após os interrogatórios serão conhecidas as medidas de coacção a que ficarão sujeitos os suspeitos durante o desenvolvimento da investigação. No total, neste inquérito que decorre no Departamento Central de Investigação e Acção Penal, foram constituídos 29 arguidos, seis deles são empresas. Neste processo, investigam-se crimes de associação criminosa, fraude fiscal qualificada, introdução fraudulenta no consumo também qualificada e receptação de mercadorias.
A GNR, que contou com 200 militares em 31 buscas (23 deles em habitações), apreendeu nove mil litros de bebidas alcoólicas no valor de 327 mil euros, 2313 objectos utilizados para produção e acondicionamento das bebidas, 34 mil euros em notas, dez viaturas, seis armas de fogo, 734 munições, uma mira telescópica, um silenciador, 50 telemóveis, oito computadores, um tablet e milhares de documentos em suporte de papel e informático, adiantou aquela força de segurança esta quinta-feira. Na operação estiveram ainda elementos da Unidade Especial de Polícia e do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa.