NATO quer alargar missão no Mediterrâneo e concentrar a atenção na Líbia

Aliança Atlântica pode vir a treinar militares no Iraque, em resposta a pedido do primeiro-ministro Abadi.

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O porta-aviões francês, Charles de Gaulle, em patrulha no Mediterrâneo durante o conflito na Líbia. Benoit Tessier/Reuters

Alargar a presença da NATO no Mediterrâneo, transformando a operação Active Endeavour, que existe desde os atentados de 11 de Setembro de 2001, numa grande missão presente em todo este mar que liga a Europa ao Norte de África e ao Médio Oriente, é o objectivo da estratégia para o Sul da Aliança Atlântica, discutida nesta quinta-feira na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, em Bruxelas.

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Alargar a presença da NATO no Mediterrâneo, transformando a operação Active Endeavour, que existe desde os atentados de 11 de Setembro de 2001, numa grande missão presente em todo este mar que liga a Europa ao Norte de África e ao Médio Oriente, é o objectivo da estratégia para o Sul da Aliança Atlântica, discutida nesta quinta-feira na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da organização, em Bruxelas.

Oferecer as competências da NATO para “construir instituições” na Líbia, como um futuro exército num país hoje dividido por milícias rivais armadas até aos dentes é uma prioridade, embora ainda não exista um pedido formal do novo Governo de unidade nacional apoiado pela ONU. Em causa está o objectivo de “projectar estabilidade”, a palavra de ordem repetida pelo secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. “Podemos fazer a diferença em missões de grande escala e longa duração, porque temos experiência e capacidade de estabilização”, assegurou o norueguês.

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, frisou o papel que a Aliança Atlântica pode ter num país que é visto como a nova fronteira do Estado Islâmico (EI), cada vez mais próximo da Europa: “Há um leque de possibilidades para a NATO na Líbia. Pode ajudar numa série de funções complementares, desde a recolha de informações até à estabilização de comunidades após a sua libertação. Mas claro que também há várias coisas que a NATO não deve fazer: ninguém está a sugerir que faça operações de combate.”

Sublinhar a natureza defensiva da Aliança é uma grande preocupação da NATO, ao aproximar-se a cimeira de Varsóvia, a 8 e 9 de Julho, em que serão tomadas decisões políticas importantes para os próximos anos. Uma delas é esta abordagem da vizinhança Sul, que inclui a luta contra o terrorismo, a guerra na Síria e no Iraque contra o EI e as migrações associadas aos conflitos.

A NATO vai enviar uma missão ao Iraque para estudar a possibilidade de abrir um centro de treino militar neste país, em resposta a um pedido de ajuda do primeiro-ministro Haider Al-Abadi, anunciou Stoltenberg. Até agora, tem treinado forças iraquianas na Jordânia, em áreas como medicina militar, bombas caseiras – que o EI deixa nas cidades em todo o lado, desde cadáveres até pedras e dentro de utensílios de cozinha, comentou uma fonte da NATO –, mas agora poderá passar a fazê-lo mesmo no Iraque.

“Quanto mais eficientes se tornarem as forças iraquianas, mais capazes serão de libertar o Iraque. A NATO está empenhada na luta contra o extremismo radical e ajuda todos os que estão empenhados nesta luta”, declarou John Kerry.

O secretário de Estado norte-americana trouxe também a promessa de ajuda à NATO e aos europeus no Mediterrâneo, para o desejado controlo das redes de migração ilegal. Prometeu um que navio da marinha americana virá reforçar o contingente da NATO, embora não tenha avançado mais pormenores.

Jens Stoltenberg não quis comprometer-se com datas, dizer quando estará operacional a missão reforçada da NATO no Mediterrâneo. E reconheceu que, ao contrário do que tem acontecido no Mar Egeu, em que os refugiados são mandados para trás, para a Turquia, não poderá simplesmente devolver os náufragos à Líbia. “Mas há muitas maneiras em que podemos ajudar. Temos de conversar com os nossos amigos da União Europeia”, assegurou.

“Se aprendemos alguma coisa nas nossas missões no mar Egeu é que a NATO pode acrescentar valor”, afirmou Stoltenberg. “Ofereceu uma plataforma política para que se entendessem as marinhas da Grécia e da Turquia, quando eram resgatados do mar refugiados pelas respectivas marinhas”, explicou.

A jornalista viajou a convite da NATO