Passos atrás
Ensurdecedor é o filme de um cineasta a resguardar-se mais do que a ousar.
Depois do soberbo Oslo, 31 de Agosto – em nosso entender um dos grandes filmes dos últimos anos –, era grande a curiosidade de ver como iria o norueguês Joachim Trier navegar a sua ascensão ao patamar superior, ainda por cima rodando em inglês, nos EUA. com um elenco internacional.
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Depois do soberbo Oslo, 31 de Agosto – em nosso entender um dos grandes filmes dos últimos anos –, era grande a curiosidade de ver como iria o norueguês Joachim Trier navegar a sua ascensão ao patamar superior, ainda por cima rodando em inglês, nos EUA. com um elenco internacional.
Ensurdecedor é imediatamente reconhecível como um filme do seu autor – explorando mais uma vez, com uma precisão angular e surda, o tema da singularidade e da invisibilidade, o modo como as expectativas e o peso social afectam aqueles que não se enquadram por inteiro nas “gavetas”. Mas esta história de uma família disfuncional que lida como pode com as sequelas da morte da mãe sugere um cineasta mais resguardado e menos ousado, que preferiu dar um passo atrás a dar um passo maior do que a perna. Nada de mal com isso, mas não deixa de ser pena ver Trier a cumprir com cuidado mas sem especial brilho as “regras” do melodrama adulto em modo indie-seventies-americano, mesmo que com um bom grupo de actores dirigido de modo atento. Não chega para “desistirmos” de Joachim Trier, mas faz perder algum do crédito acumulado.