O pesadelo que se agrava dia após dia
A situação na Venezuela agrava-se, Maduro ameaça “traidores” e isso pode significar violência nas ruas.
Esta quarta-feira, se nada o impedir, uma grande marcha oposicionista deverá percorrer as ruas do centro de Caracas dirigindo-se até à sede do Conselho Nacional Eleitoral, onde está a decorrer a verificação das mais de 1,8 milhões de assinaturas para um referendo que revogue o mandato do Presidente. Mas o poder já ditou a sua sentença, sem atenuar as palavras: o vice-presidente garantiu que "Maduro não vai ser afastado nem com referendo nem com nada"; e o próprio Maduro, convocando a imprensa ao seu palácio, anunciou uma contra-ofensiva para responder às alegadas "ameaças" e "agressões" externas, dizendo: "A oposição quer um golpe de Estado, a intervenção estrangeira e a guerra económica". Esqueceu-se, naturalmente, de dizer que a tal oposição o derrotou nas urnas em Dezembro e que é ele que, contra toda a lógica, insiste num poder que já não tem legitimidade. Nessa altura, com a crise económica já como pano de fundo, Maduro invocou a "moral e ética" do chavismo para aceitar a derrota, afirmando que era preciso "trabalhar duro" numa "nova etapa da Revolução Bolivariana". Cinco meses depois, já se percebeu que etapa é essa: com uma Venezuela exangue, empobrecida, com falta de matérias-primas, de electricidade, de medicamentos e alimentos básicos, numa situação caótica só comparável à de um país em guerra, a preocupação do Presidente não é criar uma frente de emergência, dividindo o poder com quem o conquistou nas urnas, mas sim rodear-se de medidas repressivas que calem os opositores e o mantenham no cargo a qualquer preço. O prolongar do estado de emergência e o apelo ao exército para manobras militares "patrióticas" contra imaginários "invasores" são apenas truques para tentar iludir o essencial: a absoluta incapacidade de Nicolás Maduro para lidar com uma crise de tão grandes proporções. A prova das ruas será decisiva: se a reprimir, Maduro poderá acender o rastilho de um paiol de pólvora.
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Esta quarta-feira, se nada o impedir, uma grande marcha oposicionista deverá percorrer as ruas do centro de Caracas dirigindo-se até à sede do Conselho Nacional Eleitoral, onde está a decorrer a verificação das mais de 1,8 milhões de assinaturas para um referendo que revogue o mandato do Presidente. Mas o poder já ditou a sua sentença, sem atenuar as palavras: o vice-presidente garantiu que "Maduro não vai ser afastado nem com referendo nem com nada"; e o próprio Maduro, convocando a imprensa ao seu palácio, anunciou uma contra-ofensiva para responder às alegadas "ameaças" e "agressões" externas, dizendo: "A oposição quer um golpe de Estado, a intervenção estrangeira e a guerra económica". Esqueceu-se, naturalmente, de dizer que a tal oposição o derrotou nas urnas em Dezembro e que é ele que, contra toda a lógica, insiste num poder que já não tem legitimidade. Nessa altura, com a crise económica já como pano de fundo, Maduro invocou a "moral e ética" do chavismo para aceitar a derrota, afirmando que era preciso "trabalhar duro" numa "nova etapa da Revolução Bolivariana". Cinco meses depois, já se percebeu que etapa é essa: com uma Venezuela exangue, empobrecida, com falta de matérias-primas, de electricidade, de medicamentos e alimentos básicos, numa situação caótica só comparável à de um país em guerra, a preocupação do Presidente não é criar uma frente de emergência, dividindo o poder com quem o conquistou nas urnas, mas sim rodear-se de medidas repressivas que calem os opositores e o mantenham no cargo a qualquer preço. O prolongar do estado de emergência e o apelo ao exército para manobras militares "patrióticas" contra imaginários "invasores" são apenas truques para tentar iludir o essencial: a absoluta incapacidade de Nicolás Maduro para lidar com uma crise de tão grandes proporções. A prova das ruas será decisiva: se a reprimir, Maduro poderá acender o rastilho de um paiol de pólvora.