O barril de pólvora venezuelano
O apelo de Uribe serve de pretexto a Maduro para tornar a Venezuela cada vez mais irrespirável.
Nicolás Maduro, o cada vez mais acossado presidente da Venezuela, encontrou uma bóia de salvação para o seu cargo: o apelo do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, em Miami, a uma intervenção militar externa na Venezuela. Pediu este, diante dos outros participantes na Cimeira Concórdia, que “forças armadas democráticas sejam postas ao serviço da oposição na Venezuela.” Foi o que Maduro quis ouvir: a pretexto de que a “direita fascista venezuelana”, encorajada pelo afastamento de Dilma no Brasil, está a preparar um golpe, prolongou por pelo menos mais três meses o chamado Estado de Excepção e de Emergência Económica (admitindo que possa vigorar até 2017!) e ordenou às forças armadas a realização de manobras militares no próximo sábado, dia 21 de Maio, de modo a preparar o país para “qualquer cenário”, incluindo uma intervenção militar estrangeira. Isto há-de ser pretexto, também, para cercear ou mesmo impedir pela força qualquer manifestação pública da oposição, nomeadamente da Mesa para a Unidade Democrática (MUD), que ganhou as eleições de Dezembro mas continua a ter na Presidência um bloqueio feroz. Nicolás Maduro, na sua versão desajeitada de Hugo Chávez, mas nem por isso menos ditatorial, não se fica pelo estado de emergência e pela mobilização ao exército; vai, ao mesmo tempo, avançar para a nacionalização de fábricas que ele diz estarem a ser “paralisadas pela burguesia” e ameaça deter os empresários que estão a “boicotar o país”. No meio disto, nem se dá conta de que é ele o verdadeiro obstáculo à concórdia e a uma solução que permita à Venezuela enfrentar a gravíssima crise em que se afundou, devido a uma péssima governação que permitiu a falência de quase todas as suas estruturas básicas. Que Maduro julgue resolver isso com um apelo às armas, feito a um povo esfomeado e já em desespero, é mais do que deplorável; é um atentado ao país que insiste em dirigir.
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Nicolás Maduro, o cada vez mais acossado presidente da Venezuela, encontrou uma bóia de salvação para o seu cargo: o apelo do ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, em Miami, a uma intervenção militar externa na Venezuela. Pediu este, diante dos outros participantes na Cimeira Concórdia, que “forças armadas democráticas sejam postas ao serviço da oposição na Venezuela.” Foi o que Maduro quis ouvir: a pretexto de que a “direita fascista venezuelana”, encorajada pelo afastamento de Dilma no Brasil, está a preparar um golpe, prolongou por pelo menos mais três meses o chamado Estado de Excepção e de Emergência Económica (admitindo que possa vigorar até 2017!) e ordenou às forças armadas a realização de manobras militares no próximo sábado, dia 21 de Maio, de modo a preparar o país para “qualquer cenário”, incluindo uma intervenção militar estrangeira. Isto há-de ser pretexto, também, para cercear ou mesmo impedir pela força qualquer manifestação pública da oposição, nomeadamente da Mesa para a Unidade Democrática (MUD), que ganhou as eleições de Dezembro mas continua a ter na Presidência um bloqueio feroz. Nicolás Maduro, na sua versão desajeitada de Hugo Chávez, mas nem por isso menos ditatorial, não se fica pelo estado de emergência e pela mobilização ao exército; vai, ao mesmo tempo, avançar para a nacionalização de fábricas que ele diz estarem a ser “paralisadas pela burguesia” e ameaça deter os empresários que estão a “boicotar o país”. No meio disto, nem se dá conta de que é ele o verdadeiro obstáculo à concórdia e a uma solução que permita à Venezuela enfrentar a gravíssima crise em que se afundou, devido a uma péssima governação que permitiu a falência de quase todas as suas estruturas básicas. Que Maduro julgue resolver isso com um apelo às armas, feito a um povo esfomeado e já em desespero, é mais do que deplorável; é um atentado ao país que insiste em dirigir.