A nova estratégica da antiga CP Carga é conquistar “a última milha”
A ex-CP Carga, agora designada Medlog, quer ser um operador logístico que junte ferrovia, rodovia e amazenagem
“Podemos transportar um comboio contentorizado de Portugal para Paris e depois ir entregar o contentor à porta do cliente, que é ganhar a última milha”. Carlos Vasconcelos, presidente da Medlog, resumia assim a estratégia da empresa herdada da CP que pretende ir além do transporte ferroviário apostando em toda a cadeia de valor no sector da logística. “Não queremos combater a rodovia, a nossa solução é trazer a rodovia para dentro da ferrovia”, disse.
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“Podemos transportar um comboio contentorizado de Portugal para Paris e depois ir entregar o contentor à porta do cliente, que é ganhar a última milha”. Carlos Vasconcelos, presidente da Medlog, resumia assim a estratégia da empresa herdada da CP que pretende ir além do transporte ferroviário apostando em toda a cadeia de valor no sector da logística. “Não queremos combater a rodovia, a nossa solução é trazer a rodovia para dentro da ferrovia”, disse.
Não por acaso o novo nome escolhido se chama Medlog – Transporte & Logística, destinado a reforçar essa conquista pela “última milha”. Curiosamente, Medlog é também o nome de uma empresa portuguesa no sector da logística e distribuição farmacêutica.
A estratégia da empresa foi apresentada esta segunda-feira em Lisboa, tendo Carlos Vasconcelos repetido que pretende ser o maior operador ferroviário da Península Ibérica e admitindo que pretende crescer para toda a Europa.
“Somos um corredor de fundo e temos um projecto e um plano estratégico”, disse, mas quanto ao plano de investimentos para lá chegar, o administrador nada adiantou. Apenas que negociou o aluguer de quatro locomotivas a diesel Vossloh, num negócio de 12 a 13 milhões de euros. Estas máquinas são interoperáveis, o que significa que podem rebocar comboios em Portugal e Espanha sem ter de mudar de tracção na fronteira, como hoje acontece. De números, o responsável só referiu que “investiu 51 milhões de euros no pagamento das dívidas da CP Carga ao sector bancário”, como, de resto, previa o caderno de encargos da privatização.
Quanto a mais vagões e mais máquinas, nada adiantou, sendo certo que não é com a actual frota que se chega a número um da Península Ibérica. A Medlog conta com 64 locomotivas (34 eléctricas e 30 a diesel) e o seu maior concorrente, a Renfe Mercancias, soma 305 locomotivas (194 eléctricas e 111 a diesel).
Carlos Vasconcelos garantiu que não só não haverá despedimentos (a empresa conta com 542 colaboradores), como ainda este ano deverá recrutar novos trabalhadores para a área operacional, reforçando as seis contratações na área comercial, realizadas já após a privatização. O novo acordo de empresa que está a ser negociado prevê mudar categorias profissionais do tempo da CP, adaptando-as a um futuro com maior flexibilidade laboral.
Questionado pelo PÚBLICO sobre se o plano de modernização das vias férreas apresentado em Fevereiro pela Infraestruturas de Portugal coincidia com as prioridades e as necessidades da Medlog, o administrador disse que “grosso modo, sim”, insistindo em que a prioridade são os acessos a Espanha e daí a urgência da construção do Évora – Caia e da modernização da Beira Alta.
Quanto à bitola (distância entre carris), Carlos Vasconcelos diz que não é um problema porque esta é a mesma em Portugal e Espanha e que para o tráfego além Pirinéus podem fazer transbordo, coisa a que estão muito habituados a fazer com os navios. A Medlog pertence à MSC (Mediterranean Shipping Company) que opera em 150 países.
Carlos Vasconcelos diz que em breve deverá ser posto à venda aos trabalhadores os 5% do capital restante da empresa, previsto no caderno de encargos da privatização, mas que isso deverá ser a CP (que ainda detém essa percentagem) a fazê-lo. Questionado pelo PÚBLICO, Manuel Queiró, presidente da CP, afirmou que esse processo está quase concluído e que deverá ser anunciado pela Medlog.
A empresa teve agora um grande desafio provocado pela greve dos estivadores do porto de Lisboa, que deixou um elevado número de contentores em terra para transportar. Carlos Vasconcelos admitiu dificuldades em responder a este pico de procura, mas diz que ter tido mais meios não seria solução porque depois voltará tudo ao normal e a empresa ficaria com recursos excedentários.