Cinco figuras de um título alargado

Foram muitos os contributos para o tricampeonato, mas há elementos que se destacaram nesta caminhada.

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José Manuel Ribeiro/AFP

Foi uma época conturbada no que à gestão do plantel diz respeito, a que se viveu no Estádio da Luz. Às lesões de Nelson Semedo (revelação do início da temporada), Júlio César (indiscutível até então na baliza), Luisão (capitão e patrão da defesa), Salvio (que só em Fevereiro voltou a competir) e Lisandro López (um substituto de Luisão que durou poucas jornadas), somaram-se as mazelas frequentes de Gaitán e de Fejsa. Este quadro ajuda a explicar um pouco o alargado naipe de jogadores utilizados por Rui Vitória em 2015-16. Foram 31 no total. Mas estes cinco foram, na óptica do PÚBLICO, os mais influentes.

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Foi uma época conturbada no que à gestão do plantel diz respeito, a que se viveu no Estádio da Luz. Às lesões de Nelson Semedo (revelação do início da temporada), Júlio César (indiscutível até então na baliza), Luisão (capitão e patrão da defesa), Salvio (que só em Fevereiro voltou a competir) e Lisandro López (um substituto de Luisão que durou poucas jornadas), somaram-se as mazelas frequentes de Gaitán e de Fejsa. Este quadro ajuda a explicar um pouco o alargado naipe de jogadores utilizados por Rui Vitória em 2015-16. Foram 31 no total. Mas estes cinco foram, na óptica do PÚBLICO, os mais influentes.

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1. Ederson
Guarda-redes / Jogos na Liga: 10 / Golos sofridos: 4

Prova de fogo maior que aquela que Ederson enfrentou na sua estreia pelo Benfica na Liga era difícil de imaginar. Na véspera do jogo com o Sporting, em Alvalade, na segunda volta, Júlio César lesionou-se e o jovem brasileiro, que na época passada defendia as cores do Rio Ave, foi chamado a depor. Foi uma declaração de maturidade que deixou claro que não era por ali, pela baliza, que a candidatura dos “encarnados” ao título iria ruir. Concentrado entre os postes, ágil e determinado a sair deles e evoluído no jogo de pés, Ederson ajudou a equipa numa série de circunstâncias difíceis (como aquele desarme a Arnold nos últimos minutos do jogo com o V. Setúbal) e tornou espinhosa a missão de Júlio César recuperar a posição.
 

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2. Jardel
Defesa central / Jogos na Liga: 30 / Golos: 3

Foi o cimento que uniu a muralha defensiva do Benfica durante toda a temporada. Primeiro, equilibrou as contas face à ausência forçada de Luisão, formando uma dupla promissora com Lisandro López. Quando o argentino também foi encaminhado para a enfermaria, renovou os votos de uma parceria de futuro com Victor Lindelöf e a equação bateu certo. Maduro, sagaz a controlar o espaço nas contas – um detalhe que faz toda a diferença numa equipa que actua com a linha defensiva tão subida – e forte no jogo aéreo, Jardel foi também determinante na área contrária, especialmente na recta final da temporada. Contribuiu com um golo decisivo para o triunfo sobre o V. Setúbal (2-1) e fez o mesmo na recepção ao V. Guimarães (1-0).

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3. Renato Sanches
Médio centro / Jogos na Liga: 24 / Golos: 2

Quando foi lançado em campo, a 15 minutos do fim do jogo com o Tondela, nos últimos dias de Outubro, não poderia adivinhar-se quão importante viria a ser o seu papel na equipa. Aos 18 anos, Renato Sanches foi o fiel de uma balança que, até à sua afirmação, esteve sempre um pouco desajustada, fruto de uma evidente dificuldade de ligar o jogo no momento da transição. Um pulmão invejável, uma enorme capacidade de choque e de recuperação e uma habilidade invulgar para acelerar o jogo transformaram-no num elemento imprescindível no meio-campo do Benfica. Como se não bastasse, fez dois golos de grande efeito: um na estreia em casa, frente à Académica, e outro determinante, em Guimarães, que valeu um triunfo precioso na corrida pelo título.

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4. Pizzi
Extremo / Jogos na Liga: 31 / Golos: 8

Começou por retomar o papel que herdara da época anterior, no miolo do meio-campo, mas com a chegada de Renato Sanches instalou-se em definitivo na ala direita, posição que vai mais de encontro ao que foi o seu passado antes da chegada à Luz. A melhor fase do Benfica, com exibições convincentes e vitórias esmagadoras, coincidiu com o melhor momento de Pizzi na época, com o período em que a última decisão (fosse a assistência ou a finalização) raramente lhe saía mal. Criterioso no passe e solidário no processo defensivo, foi fundamental para equilibrar o corredor e, apesar da visível quebra de rendimento na ponta final da temporada, foi bem mais consistente do que o mais puro dos artistas do plantel, Nico Gaitán.
 

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5. Jonas
Avançado / Jogos na Liga: 34 / Golos: 32

Foi aos ombros dos seus golos que as ambições do Benfica foram carregadas. Sporting, FC Porto e V. Guimarães foram as três únicas equipas às quais não conseguiu marcar, apresentando um incrível registo de 11 jogos com pelo menos dois golos apontados. Aos 32 anos, o brasileiro que os “encarnados” resgataram no início da época passada, quando estava sem clube, realizou uma época notável e foi premiado com o regresso à selecção. Do largo manancial de escolha proporcionado pela sua eficácia, destaca-se o primeiro golo marcado ao Paços de Ferreira no triunfo por 3-1, na 6.ª jornada: um remate de longa distância, em arco, que entrou junto ao canto superior direito da baliza. Uma das muitas obras de arte que assinou, graças a uma técnica refinadíssima e a uma frieza à prova de bala.