Construindo a Universidade do futuro
As relações no campo da ciência e do ensino superior são definitivamente globais.
Nos últimos anos, assistimos a profundas mudanças no modo de organização e funcionamento das melhores universidades do mundo. No futuro próximo, as mudanças vão ser ainda mais profundas e inéditas. O pensamento e posicionamento estratégico das universidades, a sua capacidade de antecipação do que vai acontecer e ainda a sua capacidade de fazer diferentemente do que fizeram no passado são fatores decisivos para a sua afirmação em contextos globais cada vez mais competitivos mas que, paradoxalmente, exigem cooperação, não só das universidades entre si mas destas com outras instituições, nacionais ou de outros países. As relações no campo da ciência e do ensino superior são definitivamente globais, centradas nos resultados da ação desenvolvida para a sociedade, não existindo sobre isto volta a dar.
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Nos últimos anos, assistimos a profundas mudanças no modo de organização e funcionamento das melhores universidades do mundo. No futuro próximo, as mudanças vão ser ainda mais profundas e inéditas. O pensamento e posicionamento estratégico das universidades, a sua capacidade de antecipação do que vai acontecer e ainda a sua capacidade de fazer diferentemente do que fizeram no passado são fatores decisivos para a sua afirmação em contextos globais cada vez mais competitivos mas que, paradoxalmente, exigem cooperação, não só das universidades entre si mas destas com outras instituições, nacionais ou de outros países. As relações no campo da ciência e do ensino superior são definitivamente globais, centradas nos resultados da ação desenvolvida para a sociedade, não existindo sobre isto volta a dar.
Em Portugal, a Universidade Aberta foi imaginada, criada e construída, segundo um ideário humanista mas ao mesmo tempo de forma muito realista e pragmática, por homens de ciência e cultura como o ministro da Educação Roberto Carneiro e o físico e primeiro reitor da Universidade, Armando Rocha-Trindade.
A aposta em projetos científicos, tecnológicos e de ensino inovadores é crucial para o desenvolvimento das instituições de ensino superior e de investigação na sociedade digital e do conhecimento em que vivemos através da criação de bens públicos globais, ou seja, de bens que possam ser produzidos em cooperação e partilhados por instituições e pessoas de todo o mundo. É a própria Comissão Europeia que o afirma ao promover a inovação na área da ciência, tecnologia e ensino superior como desígnio estratégico e estabelecendo novas regras para a captação de fundos, não já através de processos rígidos e de base essencialmente nacional, mas de processos flexíveis e de base europeia abertos à sociedade.
É com este pensamento que serão hoje assinados em Lisboa dois acordos de cooperação entre a Universidade Aberta, em articulação com a Cátedra FCT Infante D. Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização (CIDH), e a Universidade de Paris 2 – Panthéon-Assas nos campos da investigação, ensino e disseminação do conhecimento, na área emergente dos Estudos Globais. Trata-se de uma área que envolve pessoas de vários domínios científicos e em que as universidades e os centros de investigação portugueses podem ocupar uma posição de relevo mundial. É preciso não esquecer que o português foi a primeira língua global, é uma das línguas mais faladas do mundo mas ainda não ocupa um lugar consentâneo com a sua importância no panorama da ciência e ensino globais. Não se trata de querer substituir o inglês, até porque é bom que os portugueses continuem a publicar e a comunicar em inglês, mas de afirmar o português como língua de ciência e ensino, em diálogo com as demais línguas de dimensão global.
A sessão de hoje é ainda marcada pelas conferências de abertura do Seminário Permanente em Estudos Globais, uma iniciativa inédita promovida pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda em parceria com a CIDH da Universidade Aberta e com o Departamento de Média e Globalização da Universidade de Paris 2. Na sessão desta manhã intervirão Carlos Fiolhais, da Universidade de Coimbra, que falará sobre o projeto do Dicionário dos Antis do qual é um dos investigadores de referência, Valérie Devillard (Universidade de Paris 2) e Viriato Soromenho-Marques (Universidade de Lisboa). Amanhã, a conferência estará a cargo de Fabrice d’Almeida (Universidade de Paris 2).
Amanhã, será assinado no Funchal um memorando de entendimento com conteúdo diferente mas visando objetivos semelhantes que terá como parceiros a Universidade Aberta/CIDH, a Universidade de Paris 2, a Agência Regional para o Desenvolvimento da Investigação, Tecnologia e Inovação da Região Autónoma da Madeira (ARDITI) e a Agência para a Promoção da Cultura Atlântica (APCA).
Estes acordos são relevantes por três ordens de razões, o que os constitui como um exemplo a ser seguido no espaço público: são fruto de uma cooperação inédita e multifacetada entre a mais jovem universidade pública portuguesa, uma universidade francesa de grande prestígio e outras instituições de relevo da sociedade portuguesa; tendo em conta o âmbito da cooperação (investigação, ensino e disseminação do conhecimento) e a natureza da matéria (a área emergente dos Estudos Globais, com uma forte componente social, humanística e tecnológica); por fim, mas não o menos importante, os acordos estão abertos à participação de outras universidades e centros de investigação de referência, portugueses e internacionais.
Pró-Reitor para o Desenvolvimento Institucional e os Assuntos Jurídicos da Universidade Aberta; director-adjunto da Cátedra FCT Infante D. Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização da Universidade Aberta