Desemprego sobe para 12,4% no primeiro trimestre

No final de Março havia 640.200 pessoas desempregadas. Esta é a segunda subida registada no último ano.

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Centros de emprego passarão a ter um papel mais activo no acompanhamento de desempregados. ADRIANO MIRANDA

Em apenas dois dias, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou números que mostram que o ano não está a iniciar-se da melhor forma para a economia portuguesa. Na terça-feira ficou a saber-se que as exportações caíram 2% face ao ano passado. Nesta quarta-feira, o INE revelou que o desemprego aumentou pelo segundo trimestre consecutivo e afectava 12,4% da população activa (mais 0,2 pontos percentuais do que no trimestre anterior).

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Em apenas dois dias, o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgou números que mostram que o ano não está a iniciar-se da melhor forma para a economia portuguesa. Na terça-feira ficou a saber-se que as exportações caíram 2% face ao ano passado. Nesta quarta-feira, o INE revelou que o desemprego aumentou pelo segundo trimestre consecutivo e afectava 12,4% da população activa (mais 0,2 pontos percentuais do que no trimestre anterior).

Os números agora divulgados evidenciam alguma irregularidade nos indicadores do mercado de trabalho e parecem dar alguma razão às preocupações da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional, que têm alertado que a  criação de emprego vai abrandar do curto prazo e que o ritmo de redução do desemprego também sofrerá uma travagem, depois das descidas pronunciadas registadas desde meados de 2014.

Questionada pelo PÚBLICO, fonte oficial do Ministério do Trabalho realça que os números “demonstram que o mercado de trabalho em Portugal apresenta ainda grandes fragilidades”, lembrando que a população empregada “está em queda em termos absolutos e relativos desde o 3º trimestre de 2015 (anterior legislatura), o que revela uma retoma do crescimento económico ainda pouco consolidada”.

“O Governo tem consciência de que os problemas do mercado de emprego não se resolvem de um dia para o outro, nem se resolvem isoladamente, apenas no campo das políticas de emprego e do mercado de trabalho. Mas, dito isto, é importante dar passos concretos também nestas áreas”, acrescenta o gabinete do ministro Vieira da Silva.

Os dados mostram que, no primeiro trimestre de 2016, havia 640.200 pessoas desempregadas, mais 6300 do que no trimestre anterior, mas menos 72.700 do que no mesmo período do ano passado. Houve vários segmentos da população a contribuir para o aumento trimestral do desemprego, nomeadamente os homens (mais 5000), as pessoas dos 25 aos 34 anos (18.800) e com o ensino superior (5600) e ainda antigos trabalhadores da indústria, construção, energia e água (10.800) e dos serviços (10.400).

Numa análise por regiões, conclui-se que o maior contributo para o aumento do desemprego foi dado pela área metropolitana de Lisboa e pelo Centro.

O INE destaca que além do aumento da população desempregada, registou-se uma redução da população activa (que serve de base ao cálculo da taxa de desemprego), o que ajuda a explicar a degradação do indicador do desemprego face ao trimestre anterior. Depois do ligeiro aumento verificado na recta final de 2015, a população activa voltou a recuar: no primeiro trimestre havia 5.153.400 activos, menos 42 mil do que no trimestre anterior.

Menos jovens desempregados

As estatísticas agora divulgadas trazem pelo menos duas boas notícias. O desemprego jovem reduziu-se para 31%, tanto em relação ao primeiro trimestre de 2015 (quando a taxa de desemprego da população entre os 15 e os 24 anos era de 34,4%), como na comparação com o trimestre anterior (32,8%). No final de Março havia 113.500 jovem à procura de trabalho.

O desemprego de longa duração também está a recuar e a perder peso no total, tanto na comparação em cadeia como na comparação anual. No início de 2016, havia 379.200 pessoas que procuravam emprego há 12 ou mais meses e representavam 59,2% do total dos desempregados. No trimestre anterior, os desempregados nesta situação eram 394.200 e representavam 62,3%.

Uma parte destes desempregados poderá ter passado para a inactividade, uma vez que os dados do INE dão também conta de um aumento dos inactivos, tanto na comparação em cadeia, como na comparação com o período homólogo.

Na comparação com o mesmo período do ano passado, a situação do desemprego é agora mais positiva: passou de 13,7% nos primeiros três meses de 2015, para os 12,4% em 2016.

Menos 48 mil empregos

Do lado do emprego, os números também apontam para uma degradação da situação no arranque do ano. No final de Março, havia 4.513.300 pessoas empregadas, menos 48.200 em comparação com o final de Dezembro. O INE diz que é habitual haver uma redução do emprego no primeiro trimestre de cada ano, mas esta "foi superior às observadas nos primeiros trimestres de 2014 e 2015, igual à de 2012 e inferior à de 2013".

O emprego tem vindo a cair desde meados do ano passado, mas agora ganhou maior expressão. Esta queda trimestral do emprego na ordem das 48 mil pessoas é explicada pelos decréscimos verificados nos homens (menos 48.100) e nas pessoas com 65 e mais anos (menos 27.800) e que não foram além do 3.º ciclo do básico (menos 65.800). Houve perda de emprego em todos os sectores de actividade, mas isso foi particularmente visível na agricultura (menos 28.100). O INE dá ainda conta de uma redução da população empregada por conta de outrem com contrato sem termo (menos 9000).

Já a evolução face ao período homólogo (primeiro trimestre de 2015) foi positiva e havia mais 36.200 pessoas a trabalhar, sendo que a contratação a termo foi a que mais aumentou.

Nas estimativas trimestrais do mercado de trabalho, o INE considerada a população com 15 e mais anos, e os dados apresentados não têm em conta o efeito das actividades sazonais. As estimativas mensais, divulgadas desde Novembro de 2014 consideram o grupo dos 15 aos 74 anos e apresentam dados ajustados de sazonalidade, não sendo por isso directamente comparáveis.

Notícia actualizada com mais informação às 18h50