Sinais de serenidade
O mais acessível dos filmes do tailandês Apichatpong Weerasethakul é um oásis de calmaria.
Francamente, essa conversa de que o cinema de Apichatpong Weerasethakul é “esquisito” e “opaco” já é chão que deu uvas – antes pelo contrário, a pacatez sonâmbula de Cemitério do Esplendor (a sua sexta longa “oficial” e apenas a segunda a chegar às nossas salas) apenas confirma como essa ideia do “cinema de autor” é uma gaveta na qual o cineasta tailandês só encaixa sob determinadas condições de temperatura e pressão.
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Francamente, essa conversa de que o cinema de Apichatpong Weerasethakul é “esquisito” e “opaco” já é chão que deu uvas – antes pelo contrário, a pacatez sonâmbula de Cemitério do Esplendor (a sua sexta longa “oficial” e apenas a segunda a chegar às nossas salas) apenas confirma como essa ideia do “cinema de autor” é uma gaveta na qual o cineasta tailandês só encaixa sob determinadas condições de temperatura e pressão.
É mais um dos seus serenos episódios da coexistência entre história e contemporaneidade, passado e presente, realidade e magia na Tailândia de hoje, sobre a amizade que liga duas voluntárias e um doente num pequeno hospital de província instalado provisoriamente numa escola abandonada num terreno em obras onde em tempos esteve um cemitério real. É, também, um discreto e rejuvenescedor oásis de calmaria pelo meio do bombardeamento de imagens contemporâneo – um filme que quase exige deixar o mundo real à porta para criar o seu efeito delicadamente balsâmico.