Schulz: A Europa é palco de uma "policrise" que lhe deixa “os pneus sem ar”
O presidente do Parlamento Europeu admite que se a União Europeia é uma bicicleta que tem de continuar a pedalar está neste momento sem ar nos pneus, enfrentando várias crises ao mesmo tempo.
A União Europeia ainda é uma bicicleta e tem rodas para andar. Mas está sem ar nos pneus e corre o risco de, pela primeira vez na sua história, sair bem mais fragilizada das várias crises que neste momento atravessa. A imagem foi usada por Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, numa entrevista ao Diário de Notícias (DN), onde fala da “policrise” que assola a Europa e se queixa do cinismo de alguns governos nacionais, sobretudo na gestão da crise dos refugiados.
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A União Europeia ainda é uma bicicleta e tem rodas para andar. Mas está sem ar nos pneus e corre o risco de, pela primeira vez na sua história, sair bem mais fragilizada das várias crises que neste momento atravessa. A imagem foi usada por Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, numa entrevista ao Diário de Notícias (DN), onde fala da “policrise” que assola a Europa e se queixa do cinismo de alguns governos nacionais, sobretudo na gestão da crise dos refugiados.
"Pela primeira vez na história da Europa, não é certo que a União Europeia (UE) saia destas crises mais forte. Pode acontecer que fiquemos ainda mais fracos", afirmou Schulz, numa entrevista publicada no dia em que o Eurogrupo se volta a reunir por causa da Grécia, e da sua falta de liquidez. “Não sou um defensor de medidas de austeridade. Essa escola de economia que nos diz que temos apenas de cortar nos orçamentos públicos – e nós a cortar, cortar, mas os investidores não chegam – é uma política errada”, afirma Shulz.
A falta de unidade dos Estados-membros e o “cinismo” de alguns responsáveis de governos nacionais também mereceu críticas por parte do presidente do Parlamento Europeu. Martin Schulz argumenta que aqueles que querem destruir a União Europeia estão a ganhar eleições, e acusa a "maioria" que acredita na cooperação transnacional de se manter em silêncio, contra uma minoria hostil muito "ruidosa".
"Venceremos se a maioria silenciosa puder ser novamente mobilizada pelos ideais [europeus]. O espírito desta comunidade – de que juntos somos mais fortes – está a perder-se cada vez mais. E esse é um dos problemas", refere.
“Continuamos a ser uma bicicleta, mas sem ar nos pneus. Temos inúmeros problemas para resolver", responde, quando confrontado com a ideia de que a integração europeia é como uma "bicicleta" que tem de continuar a andar para evitar cair.
Na entrevista ao DN, o responsável diz que a União Europeia atravessa um "género de policrise", destacando que o euro é uma moeda forte, mas que o sistema monetário não é estável. "Somos a região mais rica do mundo, mas a distribuição da riqueza não é justa nem equitativa", adianta.
A "policrise" segundo Schulz incluiu ainda a crise dos refugiados, um problema que, afirma, pode ser facilmente gerido distribuindo um milhão de pessoas pelos 500 milhões dos 28 Estados-membros.
"O que me irrita verdadeiramente é que alguns países que não estão a participar na redistribuição de refugiados e que contribuíram para criar esta crise, vêm depois criticar a União Europeia por não ser eficaz na gestão dos refugiados. Isto é mesmo cínico", acusa.
Sobre a permanência, ou não, do Reino Unido na UE, Schulz diz que os britânicos "são pragmáticos" e que a maioria vai votar "para ficar" na Eeuropa no referendo marcado para o dia 23 de Junho.