Escolha da especialidade é "um filme de terror" para os médicos

Responsável da Ordem dos Médicos apela à redução do número de vagas para os cursos de Medicina.

Foto
Excesso de estudantes já se está a reflectir na formação de médicos especialistas Foto: Nelson Garrido

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou que se está “a delapidar a qualidade da formação médica em Portugal devido à falta de planeamento e à abertura excessiva de vagas nos cursos de Medicina durante a última década”, entre outros factores.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O presidente da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, considerou que se está “a delapidar a qualidade da formação médica em Portugal devido à falta de planeamento e à abertura excessiva de vagas nos cursos de Medicina durante a última década”, entre outros factores.

“Estamos a desperdiçar médicos”, alertou Carlos Cortes numa nota enviada à comunicação social sobre a realização da Mostra de Especialidades Médicas, que decorre entre esta segunda-feira e o próximo dia 11, e que tem como objectivo dar a conhecer as 47 especialidades aos clínicos internos, que estão na altura de escolher qual o caminho a seguir.  

E se esta escolha sempre foi difícil, agora tornou-se mais ainda por não existirem vagas para todos, frisa Carlos Cortes. No ano passado, pela primeira vez em muitos anos, o número de vagas para a especialidade foi inferior ao número de internos, o que levou a que 113 ficassem de fora.  

“A tomada de decisão tão importante na vida de um médico, que deveria ser feita de forma ponderada, assume, actualmente, a forma de um filme de terror”, critica o responsável da Ordem dos Médicos, que exortou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior “a adequar as vagas para as faculdades à análise prospectiva das necessidades do país”. “É urgente que esqueça de vez o discurso demagógico e irresponsável ao defender a manutenção de um número excedentário de diplomados em medicina”, apelou.

Em Março passado, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina (ANEM) entregou ao Governo uma proposta para reduzir, em cinco anos, de 1800 para cerca de 1300 o número vagas para os cursos de Medicina.

Segundo a associação, o número actual de lugares disponíveis, que subiu quase 300% nos últimos 20 anos, está a pôr em causa a “qualidade da formação médica”.

Também o bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, tem alertado para o facto dos cursos de Medicina terem um número de vagas muito acima da capacidade de formação das universidades.