Dois arguidos da Operação Matrioskas ficam em prisão preventiva

Alexander Tolstikov, presidente da SAD da União de Leiria, e Sergiu Renita, seu assessor, com medida de coacção máxima.

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Medidas do Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa foram conhecidas neste sábado Rui Gaudêncio

Alexander Tolstikov, presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do União de Leiria, e Sergiu Renita, seu assessor, vão ficar em prisão preventiva. As medidas de coacção declaradas pelo Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa foram avançadas pela SIC Notícias, neste sábado, e confirmadas pelo PÚBLICO junto do advogado de defesa Joaquim Malafaia.

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Alexander Tolstikov, presidente da Sociedade Anónima Desportiva (SAD) do União de Leiria, e Sergiu Renita, seu assessor, vão ficar em prisão preventiva. As medidas de coacção declaradas pelo Tribunal Central de Instrução Criminal de Lisboa foram avançadas pela SIC Notícias, neste sábado, e confirmadas pelo PÚBLICO junto do advogado de defesa Joaquim Malafaia.

Já o director financeiro da SAD do União de Leiria, Pedro Violante, fica em liberdade, sujeito a apresentação semanal às autoridades. Foi ainda suspenso das suas funções e proibido de contactar com pessoas ligadas à SAD, disse ao PÚBLICO o seu advogado, José António Barreiros, que não quis fazer mais comentários.

Joaquim Malafaia, por seu lado, fez saber que a medida de prisão preventiva imposta aos seus dois clientes, Tolstikov e Renita, será em breve substituída por prisão domiciliária com pulseira electrónica, mal haja condições para isso. Ambos tinham começado a ser ouvidos na quinta-feira pelo juiz Carlos Alexandre.

Pedro Violante, o empresário russo Alexander Tolstikov e o moldavo Sergio Renita foram detidos na terça-feira pela Polícia Judiciária no âmbito da Operação Matrioskas, que conta com mais três arguidos: a SAD e o clube da União de Leiria, e ainda um advogado com escritório em Lisboa, segundo a Lusa.

Os três suspeitos foram detidos horas depois de as autoridades terem realizado buscas às SAD (Sociedades Anónimas Desportivas) da União Desportiva de Leiria, do Sporting e do Benfica, e no estádio do Sp. Braga.

Em causa, segundo uma nota emitida pela Procuradoria Geral da República na quarta-feira,  estão suspeitas da prática de factos susceptíveis de integrarem os crimes de fraude fiscal, associação criminosa, branqueamento de capitais, corrupção e falsificação de documentos.

Também na quarta-feira a Europol emitiu um comunicado onde anunciou que a Operação Matrioskas permitiu desmantelar uma presumível célula de uma importante rede mafiosa russa, responsável pelo branqueamento de "muitos milhões de euros" desde 2008.

Segundo Serviço Europeu de Polícia, citado pela Lusa, a forma de actuação do grupo criminoso consistiria em identificar clubes de futebol na União Europeia em dificuldades financeiras, "infiltrando-os" através de "benfeitores". Posteriormente, seriam utilizados para a prática de lavagem de dinheiro, a maior parte do qual proveniente de actividades criminosas praticadas fora do espaço comunitário.

Segundo a Europol, que apoiou a investigação da PJ no terreno, após conquistarem a confiança dos clubes, os "benfeitores" orquestrariam a sua compra, através de "testas de ferro" de redes "opacas e sofisticadas", invariavelmente com empresas registadas offshore e em paraísos fiscais. Desse modo, nunca eram identificados "os verdadeiros donos e aqueles que em última análise controlavam o clube" e, consequentemente, "a origem dos fundos utilizados" para a sua aquisição.

Uma vez adquiridos, os clubes seriam utilizados para lavagem de dinheiro sujo, através de operações como transferências de jogadores, negociações de direitos televisivos, actividades em torno de apostas, tanto para simples branqueamento de dinheiro como para manipulação de resultados.