Estamos a comprar menos genéricos e a poupança já diminuiu

Se a tendência se mantiver até ao final do ano, o Estado e os cidadãos podem poupar menos 30 milhões de euros.

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O grupo adianta que existem sete mil portugueses com DST a precisar de tratamento ADRIANO MIRANDA

No ano passado, já tinha havido um sinal de que algo não estaria a correr muito bem. A venda de medicamentos genéricos (por definição mais baratos do que os originais) estagnou em 2015 em Portugal, depois de anos seguidos de crescimento ininterrupto. Mas no primeiro trimestre deste ano a situação piorou: a quota de mercado dos genéricos diminuiu, ainda que ligeiramente, o que implicou uma diminuição da poupança potencial na ordem dos 7,1 milhões de euros.

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No ano passado, já tinha havido um sinal de que algo não estaria a correr muito bem. A venda de medicamentos genéricos (por definição mais baratos do que os originais) estagnou em 2015 em Portugal, depois de anos seguidos de crescimento ininterrupto. Mas no primeiro trimestre deste ano a situação piorou: a quota de mercado dos genéricos diminuiu, ainda que ligeiramente, o que implicou uma diminuição da poupança potencial na ordem dos 7,1 milhões de euros.

O alerta foi esta quarta-feira feito, em comunicado, pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde (Cefar) da Associação Nacional de Farmácias que monitoriza a venda de medicamentos. “O caminho que estava a ser feito inverteu-se”, enfatiza Suzete Costa, directora-executiva do Cefar. A alteração da tendência para o crescimento significa que o Estado e os cidadãos não estão a poupar tanto quanto seria possível com o uso de genéricos. E o valor desta poupança não é dispiciendo: entre o início de 2011 e o final do ano passado, o “uso de medicamentos genéricos gerou uma poupança real de 2.145 milhões de euros”, segundo os cálculos do Cefar. "É quase o equivalente ao valor anual da despesa com medicamentos no país", sublinha.

Na prática, no primeiro trimestre deste ano, poupamos menos 6,3% do que no mesmo período do ano passado devido à venda destes medicamentos que tem a mesma substância activa do que os originais e assim a quota de genéricos recuou de 47,7% do total, em Dezembro, para 47,3 no final de Março.

Nos três primeiros meses do ano, a opção por genéricos representou uma poupança para o Estado e para os utentes na ordem dos 106.5 milhões de euros, menos 7.1 milhões de euros que no primeiro trimestre de 2015. As projecções do Cefar para o resto do ano indicam que, se esta tendência se mantiver, a economia gerada pela utilização de medicamentos genéricos para o Estado e utentes pode ficar perto de 30 milhões de euros abaixo do valor potencial de poupança.

A quota de genéricos aumentou de forma expressiva ao longo dos anos. “Assistimos a um salto da quota de 45,7% em 2013 para 47,2%, em 2014. Isto é incomensurável”, destaca Suzete Costa. Por que razão é que não se vendem mais genéricos? A responsável pelo Cefar sublinha que haverá vários motivos, mas nota que os incentivos anunciados pelo anterior Governo para aumentar a quota deste tipo de fármacos, por serem "irrisórios e insignificantes", não surtiram efeito. "Em Portugal, fizemos um bom caminho, mas ainda há um potencial significativo de poupança. São necessárias medidas de promoção dos genéricos não apenas junto das farmácias, mas também junto dos prescritores e dos utilizadores”, frisa.

Desde há vários anos que em Portugal os medicamentos são prescritos por substância activa (DCI) e os cidadãos podem optar por genéricos nas farmácias. “Demoramos anos a desmistificar a ideia de que os genéricos são medicamentos de baixa qualidade”, diz Suzete Costa, que acredita que há condições para que a quota de genéricos cresça ainda muito em Portugal.